Cotidiano

Empresa de táxi contrata motoristas mulheres no conservador Paquistão

PAKISTAN-WOMEN_DRIVERS

KARACHI/LAHORE – O serviço de táxis Careem está contratando mulheres motoristas no Paquistão desde a semana passada, uma iniciativa rara no conservador país muçulmano em que elas correspondem a apenas 22% da força de trabalho.

O Careem tem uma fatia de mercado maior do que o rival Uber na maior parte das 32 cidades em que opera, no Oriente Médio, no Norte da África e na região do Paquistão. No país, a start-up atende às cidades de Lahore, Islamabad e Karachi.

?Queremos dar às mulheres as mesmas oportunidades e as mesmas chances que os homens têm de usar a nossa plataforma para gerar uma renda saudável?, apontou o gerente da empresa no Paquistão, Ahmed Usman. Ele afirmou ainda que apenas sete mulheres se apresentaram para as vagas, mas espera que outras cheguem à empresa, onde as portas para elas estão abertas.

Zahra Ali, de 30 anos, ouviu falar do Careem conversando com uma amiga e avaliou que trabalhar com a empresa seria uma forma ?honrada? de sustentar seus dois filhos, que ela está criando sozinha após a morte do marido, há dois anos.

PAKISTAN-WOMEN_DRIVERS (2)

Neste ano, ela conseguiu juntar dinheiro para tirar a carteira de motorista e comprar um carro. Há alguns meses, ela procurou o Careem mas teve a resposta que que mulheres motoristas ainda não eram aceitas. Até que a empresa a procurou novamente, desta vez com boas notícias.

? A única habilidade que tenho é saber dirigir. Agora eu posso sustentar minhas crianças de forma honrada, e posso dar a elas uma boa educação ? apontou Ali em sua casa, na cidade de Lahore.

Lançado em Dubai em 2012, Careem tem mais de 90 mil motoristas associados ao redor do mundo, além de quatro milhões de usuários do aplicativo.

Em cidades sufocantes como a de Karachi, a demanda por táxis seguros é particularmente forte entre as mulheres, lembrou Usman.

Abuso doméstico, violência e discriminação econômica fazem do Paquistão o terceiro país mais perigoso para as mulheres, segundo mostrou um relatório da Fundação Thomson Reuters em 2011.

A cada ano, aproximadamente 500 mulheres são assassinadas por parentes que consideram um dano à ?honra? da família infrações a valores conservadores como fugir com um homem ou apenas conversar com eles.