Cotidiano

Empresa alvo da Operação Turbulência também está no radar da Lava-Jato

SÃO PAULO ? A Câmara & Vasconcellos, uma das empresas alvo da Operação Turbulência deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira, também está no radar da Lava-Jato. Em um dos inquéritos abertos pela Procuradoria Geral da República (PGR), a Polícia Federal investiga uma suposta prática de agiotagem por parte de João Carlos Lyra Pessoa ? alvo da operação desta manhã e um dos três empresários de Pernambuco que compraram o jato Cessna, que em agosto de 2014 caiu e matou o candidato à Presidência Eduardo Campos (PSB).

O nome da empresa apareceu na delação do doleiro Alberto Youssef, que identificou um depósito de R$ 100 mil em janeiro de 2011. O doleiro disse que o depósito à Câmara & Vasconcelos referia-se a pagamento de dívida de campanha do senador Benedito de Lira (PP-AL), de 2010.

?Seria (a Câmara & Vasconcelos) uma empresa de Pernambuco. Eu sei que era para um agiota que ele (senador) estava devendo dinheiro que ele havia pego para terminar a campanha. Ele me falou que esse agiota era de Recife?, contou Youssef.

No ano passado, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinou abertura de inquérito contra o senador e seu filho, o deputado Arthur de Lira (PP-AL), e o aprofundamento das investigações sobre a Câmara & Vasconcelos. Na época, o senador nega recebimento de propina e irregularidades na campanha.

João Carlos Lyra Pessoa, um dos alvos da operação desta manhã, foi preso. Além dele, outras três pessoas foram detidas preventivamente, 22 foram levadas a depor coercitivamente. Ele é um dos alvos da operação que investiga uma organização criminosa especializada em lavagem de dinheiro que atuava em Pernambuco e Goiás e que teria movimentado mais de R$ 600 milhões desde 2010.

A investigação foi iniciada a partir da análise de movimentações financeiras suspeitas detectadas nas contas de algumas empresas envolvidas na aquisição da aeronave que transportava o ex-governador de Pernambuco e então candidato à Presidência, Eduardo Campos, no acidente que levou a sua morte em agosto de 2014. Segundo a PF, o esquema financiou a campanha de reeleição do então governador de Pernambuco, em 2010.