Cotidiano

Em gravação, Renan orienta defesa de Delcídio, diz jornal

2016 906995204-2015 869799563-2015 869524340-2015 869446965-2015112521032394.jpgRIO – Uma gravação divulgada nesta quinta-feira pelo ?Jornal Hoje? indica que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), orientou um suposto representante do senador cassado Delcídio Amaral (Sem partido – MS), identificado como Wanderberg, sobre como o ex-líder do governo deveria fazer sua defesa na época em que enfrentava um processo no Conselho de Ética. Na conversa do dia 24 de fevereiro, sem saber que Delcídio já era delator da Operação Lava-Jato, Renan afirma que é preciso que o presidente do conselho, senador João Alberto Souza (PMDB-MA), peça diligências para não parecer que a investigação estava parada e sugere que Delcídio faça uma carta mostrando ?humildade? e que já ?pagou o preço pelo que fez?.

RENAN: O que que ele (Delcídio) tem que fazer… Fazer uma carta, submeter a várias pessoas, fazer uma coisa humilde… Que já pagou um preço pelo que fez, foi preso tantos dias… Família pagou… A mulher pagou…

WANDEMBERG: Ele (Delcídio) só vai entregar à comissão, fazer essa carta e vai embora.

RENAN: Conselho de ética. Falei agora com o João (João Alberto, presidente do Conselho de Ética). O João, ele fica lá ouvindo os caras… O Conselho de Ética não tem elementos para levar processo adiante. Também é ruim dizer que não vai levar o processo adiante. Então, o Conselho de Ética tem que requerer diligências requisição de peças e enquanto isso não chegar fica lá parado…

WANDEMBERG: (João Alberto) vai colocar em votação e vai ter uma derrota antecipada…

Delcídio teve seu mandato de senador cassado no último dia 10 de maio. Em nota, Renan argumentou que acelerou o processo de cassação no plenário, às vésperas da votação do impeachment.

“O desfecho do processo de cassação é conhecido, foi público e a agilização do processo foi destaque em vários jornais. Na fase do Conselho de Ética opinou com um amigo do ex-senador, mas disse que o processo não podia ficar parado, como não ficou”, pondera o presidente do Senado em nota.

SÉRIE DE CONVERSAS POLÊMICAS

Uma série de conversas envolvendo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, foi divulgada esta semana. Em um dos áudios, divulgado na noite de quarta-feira pelo “Jornal da Globo”, Renan fala com Machado e o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) em como acessar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator da Lava-Jato Teori Zavascki. O grupo cita o ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Cesar Asfor Rocha e o advogado Eduardo Ferrão.

Machado fez delação premiada na Lava-Jato, já homologada pelo ministro do Supremo Teori Zavascki. Numa série de depoimentos prestados à Procuradoria-Geral da República, ele falou sobre a arrecadação de dinheiro de origem ilegal para políticos aliados, entre eles Sarney, Renan e o ex-ministro do Planejamento Romero Jucá (PMDB-RR). Um áudio envolvendo Jucá, divulgado na última segunda-feira, acabou levando à saída dele do governo interino de Michel Temer. Em seguida, nesta quarta-feira, foram divulgadas novas conversas de Machado com Sarney e Renan pelo jornal “Folha de S. Paulo”. Em todas, foram expostas articulações dos políticos do PMDB para barrar a Lava-Jato.