BATON ROUGE ? Embora a maioria dos moradores de Baton Rouge seja negra, a polícia local é dominada por brancos. Fica fácil entender a desconfiança da população em relação à força policial, mesmo antes da morte de Alton Sterling. Trata-se de uma cidade dividida.
A tensão, que vinha subindo desde a passagem do furacão Katrina, se agravou quando agentes reagiram com violência a protestos contra a sua conduta na morte de Sterling e prenderam 200 pessoas.
Na ocasião da passagem do furacão, a polícia teria endurecido a conduta com moradores de Nova Orleans para desestimular a transferência dos atingidos para Baton Rouge. Outro desgaste aconteceu no início deste ano, quando um policial branco foi filmado socando a cabeça de um adolescente negro imobilizado por outros policiais. O agente foi colocado em licença administrativa.
A opção por uma polícia comunitária pode ser o caminho para superar a desconfiança da população negra em relação às autoridades, mas um programa do gênero foi congelado nos últimos anos.
Um agente familiarizado com a vizinhança teria uma abordagem diferente no caso de Sterling, pois saberia quem ele era, disse a deputada estadual Denise Marcelle ao site npr. ?Ele era um sujeito que todos chamavam de ?o cara do CD??, disse ela. ?Ele se sentava lá e não incomodava ninguém.?
Embora sem notícias de avanço do programa, esta ainda é a aposta do chefe de polícia, Carl Dabadie.
? A gente fala com os agentes o tempo todo sobre sair dos carros e andar pelas ruas, conversando com as pessoas em seus bairros ? disse. ? A questão é que muita gente também não quer conversa com a polícia. Não se consegue obrigar uma pessoa a falar com você.
Há mais um problema sério: historicamente, a polícia local não recruta negros e membros de minorias. Dabadie diz que o quadro tem melhorado, com esforço:
? Quando não confiam em você, é difícil fazer com que entrem no seu time.