Cotidiano

Desigualdade e pobreza influenciaram Brexit, diz estudo

001LONDRES ? O ano de 2016 ficou marcado na história como o que espalhou o populismo pelo mundo desenvolvido. O fenômeno, que não é apenas político, também é sustentado por tendências econômicas. A desigualdade de renda, por exemplo, parece ter influenciado na votação de 23 de junho, na qual o Reino Unido decidiu abandonar a União Europeia.

A decisão é considerada como uma reação populista contra a imigração, com base em novas pesquisas do Bruegel, com sede em Bruxelas. Nos EUA, o republicano Donald Trump tira proveito da frustração com empregos de menor qualidade e salários estagnados ? e novos estudos de economistas da Casa Branca mostram porque seu grito de guerra pode ser tão atraente.

O BREXIT E O CRESCIMENTO INCLUSIVO

Nas áreas do Reino Unido com mais disparidade de renda e pobreza, os eleitores eram mais propensos a apoiar o Brexit, segundo a análise do Bruegel. A conclusão é sinal de que uma desigualdade alta pode ?dar impulso a votos de protesto em referendos e outras eleições?, escrevem os autores. ?Esta é outra lição fundamental da votação do Brexit que políticos de outros países deveriam aprender?.

Um ponto percentual a mais de desigualdade de renda, conforme medida pelo coeficiente de Gini, aumentou a proporção de votos por abandonar a UE em cerca de 0,9%, sugerem as conclusões dos pesquisadores.

MONOPSÔNIO: NÃO É UM JOGO DE TABULEIRO, MAS ALGO IMPORTANTE

Em um monopólio, um único vendedor controla o preço de um bem. No monopsônio do mercado de trabalho, a concorrência imperfeita permite que empregadores fixem o preço que pagam pela mão de obra. Um fato importante é que hoje uma situação semelhante poderia estar se consolidando nos EUA.

As vagas vêm aumentando acentuadamente, em contraste com as contratações. Isso deveria alimentar um crescimento mais rápido dos salários à medida que os empregadores concorrem para conseguir trabalhadores, mas têm ocorrido com lentidão ? fato que sugere que as empresas estão resistindo a oferecer salários mais altos, um sinal de concorrência imperfeita. Acordos de não concorrência, requisitos de licenciamento e um declínio dos sindicatos poderiam ser fatores de impulso, com base em um artigo acadêmico do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca.

Isso poderia estar influenciando a desigualdade e reduzindo a proporção da renda da força de trabalho, escrevem os autores.