Cotidiano

De olho nas minorias

A primeira etapa do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), realizada no domingo (5), apresentou o tema da redação deste ano. Assim como em provas anteriores, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira) abordou as minorias. Para esta edição, os desafios para a formação educacional de surdos no Brasil foi o assunto escolhido.

Para a presidente da Comissão de Acessibilidade da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Cascavel, a advogada Lorraine Alcântara, não há como negar a relevância do tema inclusão. “Fiquei muito feliz com esta abordagem. Acredito que de alguma forma todos já tiveram contato com este assunto em algum momento”, relata.

Segundo ela, as mudanças promovidas pelo MEC (Ministério da Educação) davam sinais de que poderia haver o envolvimento deste grupo na redação. Isso porque depois de consulta pública, foi incluído no Exame o recurso de vídeoprova em Libras, escolhido por mais de 1,8 mil participantes de todo o País. Nesta opção, cada candidato recebeu um notebook e um DVD contendo todas as questões da prova. Quem optou por esta modalidade possuiu 120 minutos adicionais ao tempo regulamentar.

“O Enem já havia divulgado que a formatação da prova seria diferente, atendendo as especificidades das pessoas surdas. Isso poderia ter sido levado em conta pelos participantes”, aponta. O deficiente auditivo poderia optar ainda, no momento da inscrição, a preferência pelo intérprete de Libras ou leitura labial.

Dificuldade

Entre as possíveis dificuldades encontradas pelos participantes, a advogada, que é também assessora jurídica da Surdovel (Associação de Surdos de Cascavel), elenca a principal: a forma como se reportar a essa pessoa. “Eles [os candidatos] pensam que a palavra surdo, por exemplo, é considerada um termo pejorativo e opta por usar em seu texto o termo ‘surdo-mudo’. Este sim deve ser evitado”, comenta.

Inclusão

Sobre a inclusão, Lorraine é enfática: “Falta provimento do Estado ao profissional intérprete na sala de aula, há uma carência de formação de professores nesta área, além de que não podemos dizer que na educação há uma educação bilíngue, ou seja, os surdos precisam ter acesso aos conteúdos por meio da Língua Brasileira de Sinais e o português escrito. A sua língua de instrução é a Libras, mas a segunda poderia e deve ser a escrita”, explica.

Em dois domingos

Neste ano, a prova do Enem foi dividida em dois domingos consecutivos. Na primeira, foi aplicada a avaliação nas áreas de Ciências Humanas e Linguagens, além da redação. No próximo fim de semana será a vez da prova de Ciências da Natureza e Matemática. O gabarito oficial será divulgado pelo Inep em 16 de novembro, no site www.enem.inep.gov.br.