Mavericks está a 3km da costa de Half Moon Bay, que fica ao sul de San Francisco, na Califórnia (EUA). Lá, as ondas podem atingir até 20 metros de altura. Pela água gelada e vento cortante, as características do local dão um tom de filme de terror que não existe em outras ondas temidas no mundo como as das águas quentes de Teahupoo, no Taiti, e em Jaws, no Havaí.
Lá, o medo sempre existe, mas ele precisa ser superado caso o surfista queira sair vivo da água. E nesse cenário que acontece o Titãs de Mavericks, torneio com apenas 24 surfistas, escolhidos a dedo pela organização, que abre janela na terça-feira e vai até o fim de março à espera de uma onda gigante. Ou seja, é um inverno (no hemisfério norte) de espera.
Entre os titãs dessa edição, há dois brasileiros, dois nordestinos: o pernambucano Carlos Burle e o baiano Danilo Couto. Os dois já venceram o Oscar das Ondas Grandes. Burle, que mora na Barra da Tijuca, é um rosto mais conhecido no Brasil. Danilo, residente no Havaí há 20 anos, tornou-se respeitado pelo que fez nos últimos anos em Jaws. Tanto que conseguiu patrocínio para viver só do esporte.
Enquanto os havaianos encaravam a onda de Jaws com jet-ski, Danilo e seus amigos surfavam na remada. O documentário ?Mad Dogs?, do diretor Roberto Studart, conta a saga do surfista ao lado dos brasileiros Márcio Freire e Yuri Soledade. A base que ele adquiriu em Jaws vai lhe ajudar a encarar mais o torneio:
? Uma coisa que passa muito pela minha cabeça é manter a calma e a tranquilidade se algo der errado e eu levar um caldo. Porque lá tem uma característica de segurar muito debaixo da água. Então, vou preparado para o pior.
LEMBRANÇAS DE PESADELO
Danilo lembra bem de sua estreia em Mavericks, em fevereiro de 2000, junto com Rodrigo Resende e Burle, na primeira expedição de surfistas brasileiros na temida onda californiana. Desde então, prega muito respeito ao lugar. Afinal, mesmo tendo desafiado as ondas mais perigosas do planeta, as lembranças do local lhe causam pesadelos:
? Em Mavericks, passei pela minha pior experiência em surfe de ondas grandes. Levei um caldo muito longo, passei muito tempo debaixo da água, e quando eu subi de novo para superfície percebi que estava quase desacordado, vendo tudo turvo. Poderia ter acontecido o pior ? lembra o surfista, que ganhou grande projeção internacional quando venceu o Oscar das Ondas Grandes em 2011, com uma onda surfada na remada em Jaws.
