Cotidiano

Comércio prevê recuperação muito “tímida” nas vendas

Toledo – No site da Fecomércio/PR (Federação do Comércio do Paraná), uma pesquisa ativa quer saber como será o comportamento dos paranaenses para o Dia das Mães deste ano. Enquanto os dados são compilados, na prática os comerciantes já preveem que ainda será um ano de dificuldades e de batalha para conquistar clientes, sobretudo aqueles que pagam as contas em dia.

Tudo isso vem casado à revisão para baixo do crescimento da economia do País divulgada nesta semana pelo Banco Central, de 2,8% para 2,7%. Na prática, os setores que fazem a roda das finanças girar já observam isso.

O comércio, que se prepara para o seu “segundo Natal”, título atribuído ao Dia das Mães a ser comemorado em pouco mais de duas semanas, em 12 de maio, nem sequer arrisca percentuais de crescimento nas vendas. Tudo porque as comercializações serão comparadas com as de 2017, uma das piores da história recente. “Diante do que foi 2017 este ano vai ter um crescimento, sim, mas não sabemos precisar em percentuais. Até acreditamos que o ticket médio de compra cresça um pouco, mas ainda será um Dia das Mães sem presentes caros e longe de endividamentos”, avisa o vice-presidente do Sindilojas (Sindicato dos Lojistas e do Comercio Varejista de Cascavel e região Oeste do Paraná), Leopoldo Furlan.

Motivos

O Banco Central concluiu, após ouvir as mais de 200 instituições financeiras em operação no Brasil, que desta vez o que está segurando o mercado é a instabilidade política. “A gente liga a TV e só vê corrupção, a carga tributária é absurda, não temos respaldo algum e ainda existem as incertezas de um ano eleitoral. Será mais um ano sem grandes avanços”, completa Furlan, ao lembrar que o lojista que se arriscar em conceder muito crédito corre o risco de levar calote e se tornar inadimplente também. “Porque é isso o que acontece quando alguém compra em uma loja e não paga. O comerciante fica descapitalizado e vai para a inadimplência também”.

Setor ainda sofre com o desemprego

Apesar da expectativa que o varejo sofra um pouco menos do que no ano passado, ainda está muito longe dos indicadores vistos no início da década, por exemplo, quando a economia crescia 7% ao ano e o País vivia uma condição de pleno emprego.

Após o acirramento da crise, a partir de 2015, o comércio passou a ser um dos setores que mais sofreram com o pé no freio da população e a própria inadimplência e falta de crédito geral. A anunciada recuperação econômica que começou a se confirmar no último trimestre do ano passado, estimulada pelo aquecimento forçado da economia com a liberação de recursos com os das contas inativas do FGTS, por exemplo, revelam novos reflexos. No primeiro trimestre deste ano, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho e Emprego, depois da administração pública, o comércio foi o setor que mais desempregou nas seis maiores cidades da região. Em três meses, o setor fechou 94 postos formais de trabalho. O resultado só não foi pior graças a Cascavel, a única entre as avaliadas que teve mais contratações do que demissões. Considerando os desligamentos sobre as novas oportunidades geradas, o Município fechou o trimestre com a efetivação de 44 profissionais nesse setor. Já Foz do Iguaçu foi a cidade da região que mais fechou postos: foram extintas 103 ocupações no comércio local.

Para Leopoldo Furlan, no caso específico da região, há mais um fator a ser analisado: “A economia regional depende mais da agricultura e da pecuária, então os estragos por aqui durante a crise foram um pouco menores porque a agropecuária foi bem, mas agora temos um problema com a avicultura e as exportações à União Europeia. É algo que precisa ser acompanhado com atenção, pode ser um fator de influência negativa à economia regional dependendo dos desdobramentos disso”, avaliou.

Promoções

Para o vice-presidente da Faciap (Federação das Associações Comerciais e Industriais do Paraná), Claudenir Machado, o ânimo do comerciário é um pouco maior neste ano, mas com os pés bem firmes e calçados no chão. “Muitas associações fazem campanhas promocionais para atrair os clientes, espera-se uma melhora, mas menor do que esperávamos e precisávamos”, considerou.

Para Machado, o que precisa é observar o comportamento da economia nos próximos meses e se a consolidação, apesar de menor, vai chegar mesmo. Assim, algumas melhoras poderão ser sentidas de fato, mas só a partir do segundo semestre, sobretudo após as eleições de outubro. Com questões políticas definidas, o comércio aposta mesmo em recuperação expressiva nas vendas para o Natal.