Cotidiano

 Comércio fecha as portas hoje

Produtores mantêm animais prontos para o abate nas granjas e risco é de mortandade por falta de ração

Cascavel – Bastou o terceiro dia da paralisação dos caminhoneiros para alguns setores anunciarem a interrupção das atividades ou a falta de produtos. As distribuidoras de gás de cozinha alertam que estão sem produto. Nos postos de combustíveis, filas começaram a se formar e muitos já anunciavam que estavam com as bombas vazias. Cooperativas e indústrias avisavam que suspenderam o abate de animais. Agora, o movimento atinge mais um setor: o comércio.

Pelo menos dez associações comerciais manifestaram apoio ao movimento grevista. Em muitas cidades as lojas fecham as portas por pelo menos algumas horas nesta quinta-feira, em apoio ao movimento nacional. Dentre os municípios que confirmaram a adesão hoje, das 8h às 10h, estão Santa Helena, Itaipulândia, Medianeira, Terra Roxa e Matelândia.

O receio da falta de combustíveis fez com que os motoristas corressem aos postos, adiantando o fim do produto nas bombas, corroborando com a declaração do presidente do Sindicombustíveis, Roberto Pellizzetti. “A greve está forte e crescendo. Não há produto nas bases e os caminhões-tanque não estão tendo permissão de trafegar”.

O repórter do Jornal O Paraná Aílton Santos percorreu as principais rodovias da região e constatou, in loco, muitos caminhões carregados de combustíveis parados na beira da estrada ou em postos, impedidos de seguir viagem. Pellizzetti afirmou ainda que “não é boa a perspectiva”.

Abates

Um dos principais impactos à economia regional é a interrupção dos abates em oito frigoríficos do oeste. A expectativa, segundo a Cotriguaçu, é de que pelo menos 2 milhões de aves deixam de ser abatidos por dia. Segundo o diretor-presidente da Cooperativa Lar, Irineo da Costa Rodrigues, as unidades da região não têm mais espaço para guardar os produtos em estoque. Somente nessa unidade, são 500 mil animais/dia que deixam de ser abatidos.

Em todo o oeste pelo menos 20 mil trabalhadores foram liberados para ficar em casa e a retomada das atividades só ocorrerá assim que a paralisação dos caminhoneiros chegar ao fim. O que não tem data para acontecer.

Cadê as cargas?

Somente na região oeste, ontem havia 12 pontos em rodovias estaduais e federais e em todo o Estado são mais de 90 trechos com manifestação dos caminhoneiros, alguns com bloqueios para caminhões. Contudo, cargas vivas e perecíveis estão sendo liberadas, segundo os manifestantes.

E esse é um dos aspectos que chamam a atenção: não se tem observado cargas vivas paradas. Então, onde estão, se não chegaram até os locais de abate?

Segundo a Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná), os produtores nem tiraram os animais terminados das granjas, mesmo prontos para serem levados para o abate.

A coordenadoria lembra que essa medida vem sendo tomada por questões de segurança e por saber que os frigoríficos estão interrompendo as atividades desde a última terça-feira.

Na outra ponta, reforça a superintendência da Ocepar, há um grave problema: a falta de insumos para abastecimento da ração, já que os transportadores não conseguem chegar ao destino. As cooperativas consideram que a mortandade em massa de animais ocorrerá em poucos dias caso o alimento não chegue até as granjas. Entre as regiões mais impactadas está o oeste, onde está o maior plantel de aves e suínos do Paraná e do País.

Medida estratégica

Sindicato pede para caminhoneiros ficarem em casa

Um dos principais sindicatos que representam a categoria na região, o Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Oeste do Paraná, presidido por Jeová Pereira, está pedindo para que os profissionais não engrossem os pontos de manifestação e que permaneçam em casa.

Isso justifica, por exemplo, por que em tantos pontos de manifestação na região há um número considerado baixo de caminhões parados, especialmente diante da falta de abastecimento já verificada na cidade, nas agroindústrias e até mesmo no campo. Até porque a Justiça Federal proibiu o bloqueio das rodovias federais, sob risco de multa.

Segundo Jeová, o sindicato tem reforçado este alerta à categoria pelas redes sociais e que nos pontos de piquete fiquem apenas alguns caminhoneiros para orientar sobre a manifestação “de modo que ela possa transcorrer de forma ordeira e pacifica”.

O líder sindical denuncia ainda a infiltração de “grupos extremistas” que têm polemizado o movimento “com o objetivo de inflamar os ânimos”. “Temos observado gente que nem caminhoneiro é nos pontos de protesto e querendo tumultuar o movimento. Não podemos permitir isso. Estão criando um desconforto com grupos vindos de fora para um confronto, desobedecendo o que se tem pregado na base”, denunciou, ao alertar que a situação chega a um estágio preocupante conforme a greve avança.

Porém, o que se viu ontem pela região pela reportagem foi que muitos movimentos sociais aderiram às manifestações. Em algumas cidades, produtores levaram máquinas e implementos agrícolas para as estradas. Por onde se passou o que se viu eram filas intermináveis nos postos de combustíveis diante dos ricos de faltar o produto de forma generalizada.

Petrobras baixa preços

Ontem, pelo segundo dia consecutivo, a Petrobras anunciou redução de preço da gasolina e do diesel nas refinarias. A partir de hoje (24) o preço da gasolina cairá 0,62% e custará R$ 2,0306 o litro. O preço do diesel terá redução de 1,15% e passará a custar R$ 2,3083, de acordo com a estatal.

Em dois dias, as quedas acumuladas chegam a 2,69% para a gasolina e a 2,67% para o diesel. Apesar disso, a gasolina acumula altas de 12,95%, em maio, e de 16,76% em um mês. O diesel soma aumentos de 9,34%, em maio, e de 15,16% em um mês.

Entidades reforçam apoio ao movimento

Um número cada vez maior de entidades e instituições lança apoio ao movimento dos caminhoneiros. “Mesmo na condição de um dos maiores produtores mundiais de petróleo, o Brasil pratica uma das políticas que colocam os derivados dessa matéria-prima entre os mais caros do planeta. Os aumentos quase que diários que ocorrem há meses elevaram fortemente os preços nas bombas, com sérios prejuízos a uma economia que há três anos sente os reflexos da maior e mais duradoura crise nacional”, disse o G8, grupo que reúne oito das principais entidades empresariais de Cascavel, ontem em nota ao se colocar ao lado dos caminhoneiros “em mais uma paralisação que afeta praticamente todo o território brasileiro”.

“O Grupo dos 8 também não concorda somente em negociações compensatórias que possam sobrecarregar ainda mais a economia. Não é justo amenizar um e provocar outro problema, transferindo responsabilidades principalmente para o setor produtivo já tão castigado por uma carga tributária tão injusta. Já passou da hora de a sociedade entender que as reformas são inevitáveis e imediatas, precisamos de privatizações e da diminuição do tamanho do Estado. É necessário agir em favor da construção de um Brasil mais digno, de oportunidades e mais justo a todos”, disse, em nota.

O Sindicato Rural de Cascavel disse apoiar a greve dos caminhoneiros e que está indignado com o que vem ocorrendo com a política de reajuste de preços dos combustíveis. Segundo o presidente do Sindicato, Paulo Roberto Orso, a atual política adotada pela Petrobras onera em vez de estimular o setor produtivo. “Quem paga essa conta é o produtor e o consumidor”, lamentou.

Faep pede agilidade ao governo

A Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná) e diversos sindicatos rurais em várias regiões do Paraná também se posicionaram contrários ao aumento abusivo nos preços dos combustíveis.

A Federação encaminhou ofício aos deputados estaduais, parlamentares do Congresso Nacional, à governadora do Estado e ao presidente da República, solicitando soluções urgentes para reduzir a carga tributária incidente sobre a gasolina, o diesel e o etanol, que passa de 40% do preço na bomba.

Segundo o documento assinado pelo presidente da Faep, Ágide Meneguette, “os produtos da agropecuária são os que mais demandam o uso de combustível, especialmente do óleo diesel, utilizado nas máquinas e equipamentos para plantio e colheita e, principalmente, para seu transporte com destino ao mercado”.

Risco à sobrevivência do setor produtivo

A Acic (Associação Comercial e Industrial de Cascavel) também reforçou seu apoio ao movimento e alertou que “a forte elevação dos preços dos combustíveis e de derivados de petróleo traz impactos negativos à economia e coloca em risco a sobrevivência do setor produtivo”.

“A Acic entende que o governo deva promover mudanças estruturais profundas justamente para reduzir o tamanho do Estado e deixar de pressionar a elevação da carga tributária. Somente com eficiência, com enxugamentos nos mais diversos setores e com combate ao desperdício e à corrupção é que o Brasil terá fôlego suficiente para sair de sua mais grave crise”, informa, em nota.

Transporte escolar para e faculdades suspendem aula

Em Toledo, a Secretaria de Educação comunicou que o transporte escolar no Município na tarde de quarta-feira foi suspenso. Pela manhã, houve dificuldade na passagem e os manifestantes comunicaram que iriam barrar os ônibus do Município que fazem a rota no período da tarde. Outro problema encontrado é a questão do abastecimento dos carros com combustível que segundo a secretaria também foi afetado.

Atualmente, a Secretaria de Educação faz 52 rotas. A suspensão afeta 2,7 mil alunos. O Município disse ter tomado providências para que o transporte escolar seja reestabelecido. A Promotoria já foi comunicada. A expectativa é para que o transporte escolar se reestabelecido hoje (24).

Contudo, o transporte intermunicipal de estudantes também é afetado. Tanto que a Fadec, em Cascavel, suspendeu temporariamente as aulas.

Fiep mostra preocupação

A Fiep (Federação das Indústrias do Paraná) informou que acompanha com preocupação a manifestação realizada por caminhoneiros em todo o País. Em nota, a federação disse que “entende que as reivindicações da categoria, que exerce papel fundamental para o setor produtivo brasileiro, são justas diante dos custos elevados enfrentados pelos transportadores, especialmente no que se refere ao alto preço dos combustíveis. Porém, é preciso encontrar soluções para o impasse, uma vez que o movimento começa a causar prejuízos relevantes para indústrias de diversos setores e empresas de outros segmentos da economia, além de gerar desabastecimento em várias cidades, penalizando a população”.

Diplomata suspende produção de aves e óleo

No sudoeste, na cidade de Capanema, o comércio parou ontem em apoio à manifestação e a empresa Diplomata S/A, também com frigorífico naquela cidade, suspendeu os abates de aves. Na indústria de óleo em Cascavel as atividades também tiveram de ser interrompidas.

A empresa considerou que terá grandes perdas pela impossibilidade de levar a sua cadeia produtiva e o básico para manutenção do frango no campo – ração e demais insumos às granjas.

Assista os vídeos de ontem dos protestos em toda a região: 

 

Greve dos caminhoneiros em Cascavel

Posted by O Paraná / Hoje News on Wednesday, May 23, 2018

 

Greve caminhoneiros Toledo..

Posted by O Paraná / Hoje News on Wednesday, May 23, 2018

 

Greve de caminhoneiros na BR-163 em Marechal Cândido Rondon.

Posted by O Paraná / Hoje News on Wednesday, May 23, 2018

 

Greve dos caminhoneiros na PR-495 em Iguiporã, distrito de Marechal Cândido Rondon.

Posted by O Paraná / Hoje News on Wednesday, May 23, 2018

 

Greve caminhoneiros Esquina Céu Azul

Posted by O Paraná / Hoje News on Wednesday, May 23, 2018

 

Movimentação intensa na BR-277 durante a greve caminhoneiros em Céu Azul

Posted by O Paraná / Hoje News on Wednesday, May 23, 2018

 

Batida entre três veículos na esquina da Rua Manoel Ribas com a Rua Pernambuco no centro de Cascavel.

Posted by O Paraná / Hoje News on Wednesday, May 23, 2018

 

"Caminhonata" marca greve dos caminhoneiros em Cascavel

Posted by O Paraná / Hoje News on Wednesday, May 23, 2018