Cotidiano

Com recursos incertos, obras não são retomadas

Marechal Cândido Rondon – A pressão política vivida sob a votação da Reforma da Previdência em Brasília pode ter refletido na região oeste do Paraná. Anunciados pelo ministro dos Transportes, Mauricio Quintella, ainda em outubro do ano passado durante visita à região com a promessa da liberação imediata das verbas, os R$ 120 milhões para obras de duplicação de dois importantes trechos da BR-163 não têm previsão de chegar à conta das empreiteiras. Com isso, os trabalhos seguem parados ou reduzidos.

Isso vale principalmente para os R$ 70 milhões destinados à duplicação dos 74 quilômetros de Cascavel a Marmelândia, com um custo total de R$ 579 milhões, e aos R$ 49,5 milhões para a retomada dos trabalhos da duplicação de 38,9 quilômetros da BR-163 entre Toledo e Marechal Cândido Rondon, que estão paralisados há quase seis meses.

Na época, o ministro disse que “estava liberando imediatamente ainda em 2017 os R$ 70 milhões para o primeiro trecho e R$ 49,5 milhões para o segundo”. Ocorre que 2017 acabou e o dinheiro não chegou. Tampouco as obras seguiram.

Apesar de não haver confirmações oficiais – mesmo com inúmeras tentativas e questionamentos da reportagem -, o repasse das verbas preocupa líderes regionais. Um prefeito da região, que pediu para não ser identificado, revela temor de que o dinheiro nem chegue à região. “Nos bastidores o que mais se houve é que o governo federal está segurando todas as verbas para provocar certa pressão para a votação da Reforma da Previdência marcada para fevereiro. Como será ninguém sabe”.

A situação também abala os fornecedores regionais das empreiteiras. Uma prestadora de serviços para o Consórcio Sanches Tripoloni – Maia Mello, que executa a obra de Cascavel a Marmelândia, disse que no início de janeiro não realizou trabalho algum à empresa e que a informação era de que estavam em férias. Ocorre que o suposto período de férias teria acabado dia 15, mas os serviços ainda não foram retomados.

Prestadora de serviços diz que movimento é fraco

Na duplicação até Marmelândia, a presença de equipes está reduzida em boa parte do trecho e a maior concentração de profissionais continua na ponte sobre o Rio Iguaçu, em Capitão Leônidas Marques. Nem mesmo a alça de acesso ao Distrito de Santa Maria, em Santa Tereza do Oeste, foi concluída. A empresa foi procurada, mas nenhum responsável foi localizado para falar sobre o andamento dos trabalhos.

A Superintendência do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transpores) no Paraná disse apenas que as obras começaram em 15 de outubro de 2015, que a previsão de término é o fim deste ano e que cerca de 40% dos trabalhos foram concluídos, aproximadamente. “Neste trecho há construção de nova ponte sobre o Rio Iguaçu, que seguem, conforme divulgado anteriormente, na construção dos alicerces e pilares de sustentação. A ênfase dos trabalhos deste trecho, no momento, é justamente nas obras da nova ponte”, afirmou a superintendência.

Questionada se os recursos foram empenhados ou se há previsão para isso, a informação é de que, “sobre as outras informações, queira consultar o Ministério dos Transportes”. Há uma semana o Jornal O Paraná tenta, incessantemente, essas informações no Ministério dos Transportes, mas nenhuma reposta foi dada.

Toledo a Marechal: obra parada há quase seis meses

As obras no trecho da BR-163 entre Toledo e Marechal Cândido Rondon foram suspensas há seis meses, devido à falta de pagamento. Nesse caso, a informação preliminar dada pela Superintendência Regional do Dnit no Paraná era de que os serviços seriam retomados no dia 15 de janeiro, situação que não ocorreu. Na construtora Técnica Viária Castilho Urbaniza ninguém fala sobre o assunto, mas no trecho não há ninguém trabalhando e o Dnit se limitou a dizer que “os trabalhos seguem, porém, as intervenções mais pesadas (em volumes de maquinário e materiais) estão sendo retomadas este mês pelo consórcio, após liberação de novos recursos no fim do ano passado”.

Conforme extrato obtido pelo Jornal O Paraná, depois de julho, o último repasse à construtora ocorreu em dezembro, no valor de R$ 4 milhões, referente a uma parte que ainda estava pendente das obras já concluídas.

Iniciada em 29 de setembro de 2014, a previsão inicial para conclusão desta duplicação era outubro do ano passado, só que menos de 20% dos trabalhos foram realizados e mesmo assim estão inacabados. Todo o percurso vai custar R$ 306,5 milhões e a nova previsão para término é o fim deste ano.

Além desses R$ 49,5 milhões abertos no orçamento no fim do ano passado, faltam para esse trecho quase R$ 200 milhões.

Tanto para esse trecho quanto para a conclusão da duplicação entre Cascavel e Marmelândia a estimativa de destinação de recurso é por emendas não impositivas, ou seja, não há garantia nem obrigação legal para a liberação.

Obra entre Toledo e Marechal Rondon que deveria ter sido retomada dia 15 segue paralisada. (Foto: Aílton Santos)