Esportes

Celebridades na arquibancada do futebol de 5

Quase disfarçado, com óculos escuros e boné, Rodrigo Santoro foi com a família ao Parque Olímpico, ontem, para ver os jogos do Brasil no basquete masculino em cadeira de rodas e no futebol de 5, além da disputa na natação. Contou que estava impressionado com os jogadores da seleção brasileira que são cegos e batem um bolão. O ator brincou que, mesmo após interpretar Heleno de Freitas, ídolo do Botafogo, no filme homônimo, do diretor José Henrique Fonseca, e que teve de treinar fundamentos para não fazer feio na tela, teria dificuldade para enfrentar Ricardinho, o craque do Brasil.

? Não encararia o Ricardinho, não! Ele me daria vários dribles, mesmo depois de Heleno ? constatou o ator, que é vascaíno e não quis dizer se o atacante cego, eleito o melhor do mundo duas vezes, ganharia a vaga de alguém no ataque do seu time. ? Sacanagem, não vou fazer essa comparação (risos).

Ricardinho, autor do primeiro gol da vitória do Brasil por 2 a 0 contra a Turquia, devolveu a brincadeira:

? Cada um na sua, né? Mesma coisa eu querer concorrer com ele no quesito beleza, né? Porque a mulherada fala muito bem dele e eu não sei (risos). Se ele topar, podemos fazer um bate bola ? disse Ricardinho, capitão do Brasil, que se classificou de forma antecipada para as semifinais da Paralimpíada.

Amanhã, o time enfrenta o Irã , às 9 horas, para a definição do primeiro lugar do grupo A. E o técnico do Brasil, Fábio Vasconcelos, pode poupar Damião e Cássio, os homens de segurança na defesa, que estão com um cartão amarelo cada (se ganharem mais um, estarão fora da semifinal; na fase seguinte os cartões serão zerados). No grupo B, devem se classificar China e Argentina.

? O objetivo é ficar em primeiro do grupo mas, na prática, não terá muita diferença porque China e Argentina são fortes do mesmo tanto, isso se forem essas as seleções classificadas ? disse Jefinho, que curtiu saber da torcida ilustre de Santoro, Nenê, do Vasco, e da atriz Cleo Pires. ? Quem vem nos ver pela primeira vez imagina uma coisa completamente diferente, um jogo lento, paradão. Mas, acabam maravilhados.

Santoro contou que já tinha escutado vários comentários sobre o excelente desempenho do futebol para cegos do Brasil, único campeão paralímpico em três edições dos Jogos, desde 2004, e que por isso estava curioso. Mas, admitiu que não conhecia os jogadores nem as regras. Perguntou se o goleiro tinha visão perfeita e se poderia sair da pequena área (se sair e tocar na bola ou num rival é pênalti).

? Acharia mais interessante que essa cerca nas laterais (para evitar que a bola saia do campo) fosse de borracha, para não machucar os atletas, não é? É onde eles se apoiam para iniciar muitas das jogadas. O nosso número 7 (Jefinho) faz isso direto, fica esperando, recebe, corta para dentro e (assobia) ? questionou o ator, que no intervalo da partida, pediu para tirar foto com Nenê e se despediu com frase lema da torcida (?O sentimento não pode parar?).

Santoro explicou que deu preferência por visitar o Parque Olímpico ontem, um domingo, para levar os sobrinhos, Laura e Frederico, filhos da irmã Flávia, além de João, filho do Bruno Mazzeo, amigo de Frederico. Disse que acabou de chegar ao Brasil, após viagem pelos Estados Unidos para divulgar o filme ?Ben-Hur?, de Timur Bekmambetov, no qual interpreta Jesus Cristo.

? As crianças estão curtindo muito, aprendendo. O João estava falando agora mesmo que deve ser muito difícil não enxergar nada. Então, acho que esses Jogos servirão também para nosso aprendizado. Porque muitas vezes a gente não pára para pensar nisso. Além de toda a lição de vida que é ver essas pessoas dando um show no esporte, temos uma oportunidade importante para nos relacionarmos com essa realidade, e que a gente possa aprender sobre a inclusão. ? comentou Santoro, que também foi à Cerimônia de Abertura dos Jogos Paralímpicos, em que o cadeirante Clodoaldo Silva acendeu a pira, após uma escada se transformar em rampa para ele subir. ? Achei incrível essa sacada. E tenho certeza que a consciência geral de nós brasileiros vai mudar, tem de mudar. Isso vai além dos Jogos.

Ao final da partida, ele disse que iria ao Engenhão ver o atletismo.

? Não perco essa oportunidade.