Cotidiano

Brasileiras no Sul da Flórida relatam alívio com desvio de Matthew

2016-10-07-PHOTO-00000001.jpgRIO ? Desde o início da semana, Karina Melo se preparava para o pior. Estocou água e comida, checou lanternas e geradores, abasteceu o carro. Na casa em que mora, em Deerfield Beach, colocou proteções nas janelas e portas e preparou comida para três dias. Felizmente, ela relata ao GLOBO, ?o melhor aconteceu?: o Furacão Matthew, que deixou mais de 572 mortos na passagem pelo Haiti e levou quatro estados americanos a declarar emergência, desviou para o mar e não atingiu a região mais ao Sul da Flórida. Mesmo alívio da mineira Jane Lima, que até se mudou para a casa da mãe, em Boca Raton, ao saber que a tormenta chegaria com força em West Palm Beach, onde vive há três anos e meio.

O pânico diante da chegada de um furacão categoria 4 ? mais cedo, Matthew foi reclassificado para a categoria 3 ? fez Luciana Horta e a filha fecharem a casa na região de Plantation e se alojarem no México, para onde devem se mudar no ano que vem. Passado o ?susto?, como considerou o episódio, ela já planeja a volta a Miami no sábado.

? Foi a primeira vez que tive medo de verdade! Na terça feira mesmo, quando ainda não sabia que viria pro México, sai à tarde em busca de água e propano para a churrasqueira para o caso de ficarmos sem energia e já não encontrei. Fui a cinco supermercados. Parecia guerra! ? exclamou a empresária.

2016-10-07-PHOTO-00000026 (1).jpgSegundo Jane Lima, que se deslocou até Boca Raton para se proteger ficar perto da mãe, que é cidadã americana, ?todos os brasileiros? que conhece estão a salvo. Em termos de destruição, vê apenas galhos e árvores caídos nas ruas. A empresa em que trabalha, que fechou as portas por dois dias, forneceu folhetos de informação, água e comida enlatada para os funcionários. Agora aliviada, Jane lembra da tensão que sentiu ao ver a preparação dos americanos.

? O americano é bem precavido. Às vezes, faz até show demais. Eu fiquei preocupada. É a primeira situação de furacão que vivo. A empresa em que trabalho pediu que nós colocássemos plásticos em cima dos computadores, mandou todo mundo embora. Abasteci o carro para se precisássemos evacuar a área. Mas hoje de manhã acordamos com a notícia de que havia desviado ? relata a brasileira, que soube até instituições menores que voltaram ao trabalho já nesta sexta-feira.

No momento, de acordo com Karina, o único legado de Matthew ao condado de Broward é a chuva. ?Nada grave?, ela ressalva. Agora, a brasileira volta à rotina: precisa recolocar no quintal os móveis e vasos de planta que havia retirado para evitar que voassem com o furacão. A geladeira ficou no nível mais frio para conservar o estoque de comida que preparou. Até água ela congelou caso precisasse refrigerar os mantimentos sem energia elétrica.

? Eu já morava na Flórida na época do Furacão Wilma, em 2005, e tivemos muitos estragos. Árvores, placas, fios de eletricidade caídos. Casas e móveis destruídos. Ficamos sem energia por três dias. Alguns amigos, por duas semanas. Em nosso condomínio, precisamos pagar na ocasião uma taxa adicional de US$ 10 mil dólares para trocar os telhados. Desta vez, a diferença foi a melhor comunicação entre as pessoas pelas redes sociais ? contou Karina, que destaca o próprio aplicativo do governo do estado, que ajudou sua família com informações sobre a tormenta.

A tormenta segue agora, segundo as brasileiras, para a região de Orlando. Em Jacksonville, uma das localidades que mais preocupam as autoridades, há relatos de chuva e ventos intensos.