Cotidiano

Brasil poderá ter meta de inflação de 3%, diz presidente do BC

SÃO PAULO – O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse que o Banco Central já trabalha com uma inflação de 4,4% este ano e 4,5% para 2018, ou seja dentro do centro da meta. Mas a meta poderá cair para 3% no longo prazo, assim como em outros países emergentes.

A projeção do BC para a inflação este ano é mais otimista que o mercado, já que o boletim Focus divulgado ontem a expectativa de inflação para este ano é de 4,80%. Goldfajn disse que com a ancoragem das expectativas, o BC pode intensificar o ritmo de queda de juros.

O presidente do BC participou da 2017 Latin America Investment Conference, em São Paulo, promovida pelo banco de investimentos Credit Suisse. No discurso de abertura do evento, o presidente Michel Temer afirmou que a inflação deste ano poderá ficar abaixo dos 4,5%, que é o centro da meta estabelecida pelo BC.

– A inflação caiu de 10,7% para 6,29%, ano passado. Agora, os números do BC nos levam a um projeção de 4,4% para este ano 4,5% para 2018, ou seja dentro do centro da meta -afirmou Ilan.

O presidente do BC afirmou que em junho o BC vai estabelecer a nova meta de inflação para 2019. Ele não revelou se o centro da meta ficará nos mesmos 4,5% atuais, mas disse que no longo prazo a tendência é que o centro da meta caía para 3%, índice praticado por outros países emergentes.

– No longo prazo, devemos caminhar para uma meta de 3%. Por enquanto, buscamos os 4,5%. Mas será bom tomar a decisão do centro da meta para 2019 com as expectativas ancoradas – afirmou a uma plateia de investidores.

Ilan disse que a queda de juros abre espaço para uma recuperação econômica, mas ele disse que essa retomada também depende de outras medidas, entre elas reformas que já estão em andamento, como a fiscal e da Previdência. Ele citou também que a reforma trabalhista e tributária, que estão na pauta do governo, como medidas essenciais para fazer a economia voltar a crescer.

– Essas reformas elevam a produtividade do país e ajudam na recuperação econômica – lembrando que as reformas ajudam a melhorar o ambiente de negócios.

Sobre o cenário externo, Ilan afirmou que há incertezas no cenário global, vindas especialmente dos Estados Unidos. A dúvida é se haverá uma onda de protecionismo comercial e como isso terá impacto nas demais economias. Também citou como incerteza a possibilidade de uma subida mais forte de juros nos EUA, que fortacele o dólar.

– Mas o Brasil está menos vulnerável a choques externos. O déficit em conta corrente caiu para 1,3% do PIB, em 2016, e o investimento direto foi de 4% do PIB. E temos reservas internacionais que equivalem a 20% do PIB – lembrou.

Mesmo com essas incertezas vindas dos EUA, Ilan observou que algumas economias da Europa e o Japão se recuperam. E isso pode ajudar o crescimento global.

– Já estamos vendo uma recuperação do preço das commodities, como petróleo e minério de ferro – afirmou.