Cotidiano

Brasil ganha espaço em segurança da informação

SÃO PAULO – O mercado de segurança da informação no Brasil ainda é dominado pelas grandes corporações americanas, como IBM, Symantec, HP e consultorias como a PwC e a Delloite. Mas empresas brasileiras criadas recentemente começam a despontar nesse terreno e ganhar mundo. A Tempest, por exemplo, surgiu em 2004 no Recife, fundada por três sócios, oferecendo soluções de segurança para empresas. Hoje, tem escritório em São Paulo e Londres, além da capital pernambucana, e 105 funcionários. Entre seus clientes estão os principais bancos do país, além de empresas de comunicação como The Economist, The Guardian e a BBC, na Inglaterra. Vai faturar R$ 25 milhões este ano.

— Fazemos avaliação dos riscos que a empresa corre, criamos os sistemas específicos para protegê-la e cuidamos da operação e monitoramento. Se eu conheço quem quer me roubar, sei me defender melhor — diz Cristiano Linconl Mattos, de 37 anos, CEO e um dos fundadores da empresa. Ele conta que como o Brasil é alvo de ataques mais sofisticados de hackers, especialmente no casos de bancos, a empresa chegou a Londres com um knowhow que o mercado local não tinha.

A PSafe é outra empresa nacional que vem crescendo e recebeu recentemente um aporte de US$ 30 milhões de fundos de investimento e de uma empresa de segurança chinesa. Deve expandir seus negócios para países da América Latina em breve. A PSafe desenvolve soluções de segurança, por exemplo, para sistema Android, usado em celulares. Tem escritório no Rio de Janeiro, São Paulo e Florianópolis e 130 funcionários.

— Nosso aplicativo, que já teve quase 50 milhões de downloads, é gratuito. Protege contra vírus, e outras formas de ataque ao celular — diz Marco DeMello, um dos fundadores da empresa, e que trabalhou na Microsoft nos Estados Unidos na área de segurança do Windows.

Os profissionais que atuam nessas novas empresas têm entre 20 e 30 anos e geralmente são formados em Ciência da Computação. A Tempest, por exemplo, prefere os recém-formados e oferece treinamento. Aqueles que ficam responsáveis pelo monitoramento de possíveis ataques a empresas têm que estar dispostos a trabalhar em esquema 24 horas por dia, sete dias por semana. Já do grupo que faz testes de invasão para descobrir vulnerabilidades nos sistemas de empresas é exigido outro tipo de habilidade.

— Dessa turma se exige dois tipos de habilidades: ofensiva e defensiva. O profissional tem que saber quebrar o sistema da empresa e construir um modelo para protegê-la. Na prática, é um profissional que deve ter boa base técnica e bom raciocínio — explica Mattos, CEO da Tempest.

Como estão bem requisitados no mercado, os profissionais de segurança da informação tem uma remuneração atrativa. O salário de um analista pode variar entre R$ 5 mil e R$ 15 mil. Já o do operacional, vai de R$ 3 mil a R$ 10 mil. Mas se o cargo é de gestão, o valor flutua entre R$ 10 mil e R$ 20 mil mensais.