Política

Brasil e mais 40 nações pedem socorro à OMC

Brasília – Representantes do Brasil e de mais 40 países pediram à OMC (Organização Mundial do Comércio) para que evite uma possível guerra comercial mundial liderada pelos Estados Unidos e pela China. A reação foi subscrita pelas 41 nações que informaram estar em alerta e em estado de “preocupação” com o acirramento entre norte-americanos e chineses.

"Estamos preocupados com o aumento das tensões comerciais e riscos relacionados ao sistema multilateral de comércio e ao comércio mundial", informa o documento.

Logo em seguida, recomendam a busca pelo diálogo: "Encorajamos os membros da OMC a absterem-se de tomar medidas protecionistas e evitar riscos de escalada. Pedimos aos Membros que resolvam suas diferenças por meio do diálogo e da cooperação, inclusive por meio da OMC e, conforme apropriado, recorrendo à solução de controvérsias da OMC."

O texto ressalta a importância de um sistema de comércio multilateral baseado em regras e funcionando bem, incorporado à OMC, de “importância fundamental para nossas economias, bem como para a estabilidade econômica global, prosperidade e o desenvolvimento".

Na declaração, os representantes das 41 nações signatárias afirmam ter observado a “recuperação marcante” no comércio mundial, no ano passado, e fazem uma previsão positiva das negociações na OMC para 2018 e 2019.

EUA X China

O enfrentamento comercial entre Estados Unidos e China se intensificou quando os norte-americanos anunciaram tarifas sobre a importação de 1,3 mil produtos chineses, no valor de US$ 50 bilhões. A China reagiu e anunciou uma lista com o mesmo valor. Houve reações nas bolsas de valores e também do lado das indústrias.

Quem assina a lista

Assinaram o documento como co-patrocinadores da declaração (em ordem alfabética): Argentina, Austrália, Bangladesh, Benin, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Costa do Marfim, República Dominicana, El Salvador, Guatemala, Hong Kong, China, Islândia, Cazaquistão, Quênia, República da Coreia, República Democrática Popular do Laos, Liechtenstein, Malásia, Mali, México, República da Moldávia, Mianmar, Nova Zelândia, Nigéria, Noruega, Paquistão, Panamá, Paraguai, Peru, Catar, Singapura, Suíça, Tailândia, antiga República Jugoslava da Macedônia, Turquia, Ucrânia, Uruguai e Vietnã.

Trump retira EUA do acordo nuclear com Irã

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou ontem sua decisão de retirar o país do acordo nuclear com o Irã. O alívio das sanções não será retirado de maneira imediata, mas em até 90 dias, podendo demorar mais 90 dias – no total de 180 dias, prazo em que o país poderá negociar um novo acordo. Com a medida, ele cumpre uma promessa de campanha e isola os Estados Unidos no posicionamento contrário à manutenção do compromisso.

O pacto em 2015 foi celebrado após um compromisso do Irã em limitar suas atividades nucleares em troca do alívio nas sanções internacionais. Ao anunciar a decisão, Trump chamou o acordo de desastroso e disse que o "pacto celebrado jamais deveria ter sido firmado", porque não provê garantias que o Irã tenha abandonado mísseis balísticos.

Trump afirmou ter conversado com França, Alemanha e Reino Unido sobre a decisão. Para ele, os recursos liberados ao Irã em virtude do acordo – cerca de U$ 100 bilhões, em ativos internacionais – teriam sido usados para produção de armas e opressão no Oriente Médio, na Síria e no Iêmen.

Chamado de Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, sigla em inglês), o acordo foi firmado pelo então presidente Barack Obama e o chamado P5+1 – grupo formado pelos cinco países membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas (China, Estados Unidos, França, Reino Unido, além da Alemanha com o Irã).

O texto final foi alcançado depois de muita negociação entre as partes, e determinava um patamar máximo de urânio enriquecido do Irã – matéria usada para energia ou armas nucleares. Trump já havia dito que o pacto era “o pior negócio do mundo" e espera uma reação do Irã, para uma nova negociação em termos mais abrangentes.

O Irã afirma que seu programa nuclear não fere os princípios da paz e que os termos firmados em 2015, seriam "inegociáveis". No domingo (6), o presidente iraniano, Hassan Rouhani, afirmou em um pronunciamento transmitido pela TV estatal, que uma ruptura pelos Estados Unidos poderia provocar um "arrependimento histórico". Ele reafirmou que haveria "consequências severas" se Washington decidir retomar as sanções. O país afirma que pode voltar a enriquecer o urânio em um curto espaço de tempo e poderia abandonar o Tratado de Não Proliferação Nuclear.