Cotidiano

Brasil critica teste norte-coreano: 'Inaceitável que arsenais atômicos continuem tendo papel importante'

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RIO ? A exemplo de outras dezenas de países que condenaram o teste nuclear da Coreia do Norte nesta sexta-feira, o governo brasileiro repudiou a ação. O Ministério das Relações Exteriores declarou ser “firme defensor de um mundo livre de armas de destruição em massa”, reprovando “atitudes que violem as resoluções pertinentes do Conselho de Segurança da ONU e aumentem a tensão na Península Coreana”.

“O Brasil considera inaceitável que arsenais atômicos continuem a desempenhar papel importante em doutrinas militares. A falsa noção de que tais armas aumentam a segurança de um país mina o regime internacional de desarmamento e não proliferação nuclear, além de enfraquecer a credibilidade do Tratado de Não Proliferação Nuclear e prejudicar os esforços para a entrada em vigor do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares”, diz uma nota do Itamaraty. coreiadonorte

O terremoto de cerca de 5,3 graus de magnitude foi detectado às 9h30 (horário local, 21h30 de quinta-feira em Brasília) próximo à base de testes nucleares de Punggye-ri, local dos testes atômicos anteriores.

O Laboratório de Sismologia do Serviço Geológico do Brasil, responsável pela coordenação da Rede Sismográfica Brasileira, registrou um evento sísmico cuja magnitude foi calculada em 5,2, e o avaliou como provocado artificialmente.

“O registro caracterizou as formas de onda e identificou como uma explosão, pois o padrão de espalhamento da energia foi diferente de um evento natural”, relatou a assessoria de comunicação do órgão.

CONDENAÇÃO GLOBAL

Líderes políticos condenaram a ofensiva, confirmada por Pyongyang nesta sexta-feira como seu quinto e maior teste nuclear. Mais cedo, a Coreia do Sul e o Japão já tinham noticiado o episódio, que provocou um tremor na região, no mesmo dia das celebrações do 68º aniversário do regime comunista de 1948.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que quaisquer ações provocativas de Pyongyang terão sérias consequências. O chefe da Casa Branca foi informado a bordo do Air Force One pela sua assessora de segurança nacional, Susan Rice, sobre as atividades sísmicas relatadas próximo ao local de testes nucleares na Coreia do Norte.

“Os Estados Unidos não aceitam, e nunca aceitarão, a Coreia do Norte como um Estado nuclear”, disse Obama em comunicado. “O teste nuclear de hoje, uma violação flagrante de múltiplas resoluções do Conselho de Segurança da ONU, deixa claro o desrespeito da Coreia do Norte pelas normas e padrões internacionais e demonstra que o país não tem interesse em ser um membro responsável da comunidade internacional”. Info – Teste nuclear Coreia do Norte 9/9

O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, expressaram preocupação com o novo teste nuclear.

Já a presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, que estava no Laos após uma cúpula de líderes asiáticos, disse que Kim está mostrando um “atrevimento maníaco” ao ignorar completamente os pedido internacionais para abandonar a busca por armamentos nucleares. Ela afirmou que o este nuclear representa uma clara violação às resoluções do Conselho de Segurança da ONU e é um desafio direto à comunidade internacional.

A China, principal aliada norte-coreana, disse ser terminantemente contrária ao teste. O país exortou Pyongyang a parar de adotar quaisquer ações que agravem tensões, prometendo apresentar um protesto à embaixada norte-coreana em Pequim.China e Coreia do Sul condenam teste nuclear da Coreia do Norte

As Nações Unidas também reagiram ao novo teste nuclear, classificando o ato de “profundamente perturbador e deplorável”. O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), Yukiya Amano, ressaltou que o episódio representa uma violação clara de várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU e das exigências da comunidade internacional contra os ensaios.

Ele disse ainda que a agência da ONU está pronta para verificar as ações do programa nuclear norte-coreano assim que houver um acordo sobre o tema entre os países envolvidos.

A explosão, na comemoração dos 68 anos da fundação da Coreia do Norte, foi mais poderosa que a bomba detonada em Hiroshima, de acordo com estimativas. Em uma breve transmissão especial da TV estatal KCTV, a apresentadora Ri Chun-hee disse que a detonação foi realizada “com sucesso”.

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Sob o comando do ditador Kim Jong-un, de 32 anos, o governo norte-coreano acelerou o desenvolvimento de seu programa nuclear e de mísseis ? apesar de sanções da ONU, que foram endurecidas em março e isolaram ainda mais o país.

A Coreia do Norte, que classifica o Sul e os EUA como seus inimigos principais, disse que seus cientistas e técnicos realizaram um teste de explosão nuclear para julgar o poder de uma ogiva nuclear, de acordo com sua agência oficial de notícias, a KCNA.

Segundo o regime, o teste provou que a Coreia do Norte é capaz de montar uma ogiva nuclear em um míssil balístico de alcance médio, que testou pela última vez na segunda-feira, quando Obama e outros líderes mundiais estavam reunidos na China para a cúpula do G20. Nunca foi possível verificar de maneira independente as afirmações de Pyongyang sobre sua capacidade de miniaturizar uma ogiva nuclear.

Seus testes contínuos, que desafiam as sanções impostas ao país, representam um desafio para Obama nos últimos meses do seu mandato presidencial. E poderiam influenciar a eleição norte-americana em novembro, além de se tornar uma dor de cabeça a ser herdada pelo seu sucessor.

A Coreia do Norte vem testando tipos diferentes de mísseis em um ritmo inédito neste ano. A capacidade de montar uma ogiva nuclear em um míssil é especialmente preocupante para seus vizinhos sul-coreanos e japoneses.