Cotidiano

Bolsa sobe 7,4% no mês e faz fundo de ação ser melhor aplicação de janeiro

201601071224067195_RTS.jpg

SÃO PAULO – Com a forte alta da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) em janeiro, as aplicações em fundos de ações foram a melhor opção de investimento do mês. Na lanterna, as aplicações vinculadas à variação cambial, reflexo da forte queda do dólar nas últimas semanas, que acabaram acumulando rendimento negativo.

Em janeiro, o principal índice do mercado acionário local, Ibovespa, subiu 7,4%. Uma das razões foi o processo de corte da taxa de juros, que ficou mais intenso. No dia 11, a Selic foi reduzida para 13% ao ano, um corte de 0,75 ponto percentual ? acima da expectativa de 0,5 ponto e também superior às duas reduções anteriores, que haviam sido de 0,25 ponto.

Com expectativa de um processo mais intenso de afrouxamento monetário, analistas e investidores migraram parte de seus recursos para a Bolsa, o que ajudou no desempenho dos fundos de ações. As carteiras que seguem índices da Bolsa (“fundos ações índice ativo”) acumularam alta de 9% e as que podem fazer uma livre escolha das ações (“fundo ações livre”) subiram 7,03% até o dia 26 de janeiro, dado mais atualizado disponibilizado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

No entanto, como a alta já foi expressiva em janeiro, é necessário cautela durante o próximo mês.

? Em razão da forte alta do Bovespa, em janeiro, a recomendação é de venda gradativa e parcial da carteira de ações ? afirmou Fabio Colombo, administrador de investimentos.

info-aplicacoes

E apesar do processo de queda dos juros – a expectativa é que a Selic termine o ano em 9,5%, segundo a última projeção do relatório Focus do BC -, os investimentos em renda fixa seguem com rendimentos atrativos e superiores ao da inflação. Os fundos de renda fixa duração livre têm ganhos de 1,02% no mês.

Já a pior aplicação foi o fundo cambial, com uma rentabilidade negativa de 1,87%, explicada pela queda de 3,1% na cotação do dólar no mês. Embora a posse do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tenha trazido algum tempo e expectativa de valorização do dólar, o que ocorreu foi o contrário.

Externamente, as declarações do republicado de que a moeda americana estava muito forte e a ausência de medidas na área econômica fizeram o dólar perder força em escala global. Internamente, o real ganhou força com a entrada no país de recursos fruto das captações de empresas brasileiras e também de estrangeiros querendo investir na Bolsa.

A trajetória do dólar em fevereiro, no entanto, dependerá do comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, o bc americano), que irá anunciar sua decisão sobre os juros nesta quarta-feira. A taxa deve ser mantida na faixa de 0,50% a 0,75% ao ano. No entanto, o que os analistas querem ler as entrelinhas do comunicado que será divulgado logo após a decisão, para saber se o Fed continuará bem gradualista no processo de alta dos juros ou se irá acelerar o aperto monetário.

? A decisão do Fomc de amanhã é muito importante. Além disso, no Brasil, o Congresso volta a trabalhar e deve ter o sorteio para o novo relatório do processo da Lava-Jato no Superior Tribunal Federal (STF). Tudo isso deixa o mercado mais tenso e contribuição para a desvalorização do real ? disse Bernard Gonin, analista da Rio Gestão de Recursos.