Cotidiano

Benoit Hamon, o ex-ministro rebelde que superou Valls nas primárias socialistas

FRANCE-ELECTION_PRIMARYPARIS ? Ex-ministro da Educação socialista, aos 49 anos Benoît Hamon ? que contra todos todos os prognósticos liderou a primeira rodada das primárias socialistas na França ? é mais à esquerda que os aspirantes à vaga. Ele conseguiu colocar no centro do debate medidas como a atribuição de um salário universal de ?750 a todos os franceses maiores de idade, além de propostas como a legalização da maconha e a redução das penas de prisão, que seduziram novos eleitores, sobretudo jovens. Para ele, Para él, a renda seria uma ?proteção social do século XXI?, uma resposta à erosão dos empregos no país e da revolução digital.

Expulso do governo de François Hollande por suas críticas em 2014, como deputado se absteve de votar reformas legais. Agora, sua primeira medida anunciada é o aumento do Rendimento Social (RSA) em 10%, de modo a atingir os ? 600 , até 2018. Um valor que também seria transferido para todos os jovens dos 18 aos 24 anos, depois de uma análise aos seus rendimentos.

Ele ainda propõe a criação deum imposto para as riquezas geradas por máquinas e robôs para financiar a segurança social.

?Quando um trabalhador é substituído por uma máquina, a riqueza gerada beneficia principalmente acionistas, por isso proponho que se que pague um imposto?, explica no seu programa.

Seu programa seduziu principalmente os jovens, que lotavam suas reuniões em que defendia uma ?nova maneira de fazer política? ou um ?verdadeiro socialismo?. Hamon critica também a ?busca incessante do crescimento econômico?, afirmando que não fazia sentido ?em um mundo onde os recursos naturais são limitados?. Na era do consumo, defende um modelo de parceria social, solidária e colaborativa.

As reformas constitucionais também estão na agenda. Hamon quer, por exemplo, limitar a utilização do artigo 49.3 ? que permite adotar uma lei sem votação parlamentar ? apenas para documentos do orçamento e aqueles que se referem ao financiamento dos serviços públicos. Além disso, Hamon pensa em estender o direito de voto aos estrangeiros nas eleições locais e tornar o mandato de sete anos não renovável.

MILITANTE DESDE OS 19 ANOS

Em relação ao meio ambiente, uma bandeira da ala mais à esquerda dos socialistas na qual ele se inclui, quer lutar contra o abuso animal, acabar com os carros a gasolina até 2025, reduzir a parte que o nuclear hoje detém na produção de eletricidade para 50% além de querer abrir uma guerra ao desperdício alimentar que passaria por legislar contra os piores ?pecadores? como algumas grandes superfícies.

Hamon, que começou na vida política como ativista estudantil, na década de 1980, é formado em História e filho de uma secretária e de um pedreiro que se converteu em engenheiro. Nasceu na zona portuária no noroeste da França, antes de se mudar para o Senegal ? onde viveu parte de sua infância. Começou a militar aos 19 anos no Partido Socialista (PS) francês e se converteu em presidente das juventudes socialistas em 1993, aos 26 anos.

No fim da década de 1990, trabalhou como assessor Martine Aubry, ministra de Trabalho e criadora da semana laboral de 35 horas. Em 2008, tornou-se porta-voz do PS quando Aubry se converteu na primeira-secretária de formação.