Cotidiano

BC bloqueia R$ 715 mil em contas de advogado procurado pela Interpol

SÃO PAULO. O juiz Sérgio Moro determinou o bloqueio de até R$ 20 milhões de Rodrigo Tacla Duran, mas apenas R$ 715 mil foram localizados nas contas do advogado procurado pela Interpol por ter servido como intermediário no repasse de propina. O Bacenjud, sistema criado pelo Conselho Nacional de Justiça e pelo BC para bloqueio de quantias direto em conta corrente, localizou a maior parte dos recursos – R$ 704 mil – na conta pessoa física de Duran e o restante nas contas do escritório de advocacia e de duas empresas dele, a TWC e a Econocell.

Duran teve prisão preventiva decretada por Moro, com pedido de extradição, na 36ª Fase da Lava-Jato, a última operação realizada. O advogado, porém, já havia deixado o Brasil em abril passado, rumo a Miami. Por isso, há expectativa que ele ainda esteja nos Estados Unidos.

Os procuradores afirmam que Duran era mais um dos homens que fizeram fortuna intermediando pagamento de propina a agentes públicos brasileiros. Assim como Adir Assad, Duran era um profissional de lavagem de dinheiro. Mas enquanto Assad trabalhava no Brasil, Duran atuava também no exterior, com pelo menos 12 offshores já identificadas.

Duran tinha várias empresas e elas firmavam contratos fictícios com empresas que precisavam gerar dinheiro em espécie para pagar propinas. Ele recebia os valores, emitia notas e ficava com parte do valor, devolvendo a diferença em espécie para a empresa contratante.

Segundo as investigações, ele é suspeito de ter faturado R$ 61 milhões apenas operando propinas.

O advogado atuou como intermediário para o Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, que ficou conhecido como departamento de propinas. Na estrutura secreta da empresa, tinha até senha para operar o sistema de pagamentos ilícitos com o codinome Rui Rey. Também intermediou valores para a UTC e para a Mendes Junior.

Em algumas operações, também atuou em parceria com Adir Assad, recebendo ou repassando recursos.

A 36ª Fase da Lava-Jato foi batizada de operação Dragão devido porque fez depósitos a um chinês, também identificado pela Lava-Jato como intermediário de propina.

Ricardo Pessoa, da UTC, um dos delatores da Lava-Jato, afirmou à força-tarefa que chegou a fechar um contrato fictício com o escritório de Duran para que ele verificasse pendências em relação à empresa no Tribunal de Contas da União. O serviço era totalmente descartável, já que basta dar uma busca no nome da empresa no site do TCU para obter a resposta.