Cotidiano

Atingidos por hidrelétrica desmobilizam acampamento

A decisão de deixar o local foi tomada pelas famílias depois da realização de assembleia com a participação de 350 pessoas

Capanema – Famílias de atingidos pela Usina de Salto Caxias fizeram ontem a desmobilização de acampamento que por 38 dias foi mantido às margens da entrada do canteiro de obras. A decisão de deixar o local foi tomada pelas famílias depois da realização de assembleia com a participação de 350 pessoas.

O principal motivo que levou à saída foi uma reunião na quarta-feira entre vários setores e o governo estadual, que definiu novos encaminhamentos para o fim do impasse sobre as indenizações. A criação do acampamento, segundo Sidinei Martini, foi uma forma de pressionar por uma solução ao impasse.

O clima ficou tenso em alguns momentos da ocupação. Houve bate-boca, agressões e um veículo da empresa chegou a ser jogado no rio Iguaçu. O imbróglio está no valor das indenizações das áreas de terra que serão tomadas pelo empreendimento. Mesmo com o anúncio de reajuste dos valores do caderno de preço de 2013, em 44%, ainda há pendências que impedem o fechamento de um acordo definitivo. Os detalhes deverão agora ser sanados pela comissão.

Martini informa que a desmobilização do acampamento é um gesto de boa vontade das famílias. De, mais uma vez, apostar no diálogo para resolver a questão. Além da indenização, elas querem a apresentação de áreas a assentamentos coletivos e que todas as famílias tenham a chance de negociar indenizações com valores considerados justos.

PAC

A Usina do Baixo Iguaçu é uma das obras do primeiro PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), lançado ainda no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Devido a problemas ambientais e a questionamentos judiciais, o início das obras atrasou pelo menos quatro anos. O consórcio que venceu a licitação para a execução do projeto é formado pela Neoenergia, do Rio de Janeiro, e pela Copel. Na metade do ano passado, a cheia do rio Iguaçu destruiu as obras iniciais da estrutura da barragem e chegou a afetar parte do maquinário da empresa. Logo depois, devido a pendências ambientais, a obra foi paralisada por quase um ano e meio. Nesse período, as negociações de indenização das áreas foi suspensa. Sem acordo, famílias e consórcio medem forças nas últimas semanas e quem levou o pior foram cerca de 1,5 mil, do total de 2,8 mil trabalhadores, que perderam os seus empregos. A expectativa é que agora, de uma vez por todas, os entendimentos evoluam e a usina, prevista para operar em 2018, siga seu curso. Ela está orçada em R$ 1,7 bilhão e, pronta, terá capacidade para abastecer cidade com um milhão de habitantes.