Cotidiano

Ataque do MST deixa prejuízo de R$ 4 milhões em 20 minutos

A atitude revoltou trabalhadores da empresa e moradores da região

Quedas do Iguaçu – Mulheres campesinas ligadas ao MST, o Movimento Sem-Terra, comemoram o seu dia de um jeito diferente na terça-feira (8). Elas acordaram cedo e se dirigiram à área de viveiros mantida pela Araupel, em Quedas do Iguaçu.

Em poucos minutos, cerca de 20, segundo nota distribuída pela assessoria do Movimento, destruíram mais de um milhão de mudas que seriam cultivadas em áreas de reflorestamento de pinus da empresa a partir de setembro. O prejuízo é de cerca de R$ 4 milhões.

A atitude revoltou trabalhadores da empresa, moradores da região Sudoeste e levou à emissão de notas oficiais por parte de entidades da sociedade organizada. A Faciap e a Caciopar, que representam associações comerciais no Paraná e no Oeste, produziram nota conjunta, repudiando a atitude. Em certo trecho, afirmam:

“Os recentes ataques do MST não se dão apenas contra uma empresa, mas contra a comunidade de Quedas do Iguaçu, colocando em risco a história do município e de seus cidadãos, e não podem ficar impunes”.

Um antigo morador de Quedas do Iguaçu foi até a área atacada pelas mulheres campesinas na manhã de ontem e ficou horrorizado com o que viu. Ele não quis revelar o nome, mas lamentou que o Brasil esteja mergulhado em um retrocesso tão profundo, onde prevalecem o mau-caratismo e atitudes criminosas que, diante da insegurança e da falta de pulso de homens públicos, acabam impunes.

As mulheres campesinas destruíram tudo o que encontraram pela frente e ainda colocaram fogo em parte da estrutura da empresa. O Corpo de Bombeiros foi acionado, mas em alguns locais não conseguiu conter as chamas e reduzir o prejuízo. Não houve feridos. Até o fechamento desta edição, nenhum sem-terra havia sido preso.

Governo foi alertado com antecedência

Funcionários da empresa tinham informações antecipadas de que o MST desencadearia uma grande ação na manhã da terça. O Departamento Jurídico da Araupel comunicou o governo estadual com antecedência, deu detalhes da ação e pediu apoio policial para evitar os danos à estrutura e riscos aos funcionários. Porém, nada foi feito. Ontem, o setor voltou a se pronunciar e responsabilizou a passividade do governo diante dos atos ilegais do MST.

Incra e União perdem ações no TRF4

Um dos motivos que estariam por trás das recentes ações violentas do MST, de nova invasão em área em Nova Laranjeiras e do ataque ao setor de viveiros de mudas, seriam as três derrotas sucessivas que o TRF4 impôs em ação da União e do Incra que questiona os títulos de propriedade da empresa.

Em cerca de três meses, a Araupel obteve três vitórias contra o interesse daqueles que dizem que a área da empresa pertenceria à União. Há 20 anos, a empresa Araupel é alvo de ações do MST. Seis invasões depois, o Movimento tem sob seus domínios mais de 50 mil dos 80 mil hectares da reflorestadora, que dá emprego e renda a mais de mil trabalhadores.

Luta contra o agronegócio

Em nota, o MST afirmou que cerca de cinco mil mulheres participaram da ação de ontem, em Quedas do Iguaçu. Segundo o texto, a mobilização tem como lema Mulheres na luta em defesa da natureza e alimentação saudável, contra o agronegócio.

“O objetivo foi de chamar a atenção da sociedade ao modelo destrutivo do agronegócio para o meio ambiente, como por exemplo a expansão da monocultura de pinus e eucalipto, que transforma as terras em um deserto verde improdutivo do ponto de vista da soberania alimentar”.