Cotidiano

Apontado como operador pelo MPF, Assad já foi condenado por Moro na Lava-Jato

RIO – Alvo da ?Operação Saqueador? do Ministério Público Federal e da Polícia Federal nesta quinta-feira, o empresário Adir Assad foi condenado em setembro de 2015 pelo juiz Sérgio Moro, no âmbito da Operação Lava-Jato, por ser um dos operadores de propina do esquema de desvio de dinheiro na Petrobras. Assad foi condenado a nove anos e dez meses de prisão por lavagem de dinheiro e associação criminosa.

O empresário foi preso na 10ª fase da Operação Lava-Jato, em março do ano passado, mas, em dezembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu a ele prisão domiciliar. Com isso, ele deixou o Complexo Médico-Penal, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, ainda antes do natal, e passou a usar tornozeleira eletrônica. Pela decisão do STF, Assad não poderia sair de casa e nem manter contato com outros investigados. Também deveria manter-se afastado de empresas que dirigia e foram investigadas por lavagem de dinheiro.

Também foram condenados na mesma ação de Assad em Curitiba o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, o ex-gerente de Serviços Pedro Barusco e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. O Ministério Público apontou que Assad usou diversas empresas de fachada entre 2009 e 2012 para intermediar pagamento de R$ 40 milhões desviados da Petrobras para Duque e Barusco.

CPI DO CACHOEIRA

Em um dos termos da delação premiada, o ex-senador Delcídio Amaral (sem partido-MS) falou sobre a instalação e encerramento da CPI do Cachoeira, que investigou as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira, também alvo da operação desta quinta-feira. Delcídio não foi integrante da comissão, criada em 2012, mas disse tê-la acompanhado de perto. Segundo ele, ?a CPI foi muito incentivada pelo ex-presidente Lula com o objetivo de atingir o govemador do Estado de Goiás, Marconi Perillo?. Perillo é do PSDB.

A denúncia encaminhada pelo Ministério Público Federal à Justiça cita trecho da delação de Delcídio, no qual afirma que não se avaliou muito bem as consequências políticas da instalação da CPI e que, durante os trabalhos, constatou-se que o financiamento de campanha de 2010, especialmente do PT, teria sido realizado por meio de caixa 2, utilizando-se das empresas de Adir Assad, nome que apareceu nas investigações da comissão.

No momento em que as investigações chegaram a esse ponto, de acordo com Delcídio, os próprios componentes da base do governo se articularam para acabar com a CPI por perceberem os riscos envolvidos.

Em março deste ano, Assad esteve na CPI dos Fundos de Pensão. Ele preferiu ficar calado, mas respondeu algumas poucas perguntas. Diante do silêncio de Assad à maioria das perguntas, o presidente da CPI, o deputado Efraim Filho (DEM-PB), acabou decidindo apresentar um requerimento para pedir a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático dele e de suas empresas.