Cotidiano

Ano letivo começa sem intérpretes

Uma polêmica que se arrasta desde o ano passado e que precisará de medidas extremas para ser solucionada. Um jogo de empurra entre a Unioeste (Universidade do Oeste do Paraná) e o governo estadual tem prejudicado alunos surdos que necessitam de intérpretes de Libras (Língua Brasileira de Sinais) para compreender o conteúdo passado pelos professores. O caso é que em novembro de 2017 o contrato do único profissional que atuava no campus de Cascavel foi encerrado e a partir daí os acadêmicos ficaram sem assistência.

E segundo a Unioeste o Governo do Paraná não autorizou, até o momento, a contratação de vagas e horas para intérprete de Libras. Ou seja, nesta segunda-feira (12), quando as aulas retornam nos cinco campus da Universidade (Cascavel, Toledo, Marechal Cândido Rondon, Foz do Iguaçu e Francisco Beltrão) os antigos e novos alunos que dependem deste profissional terão mais uma vez os direitos violados, já que não há nenhuma sinalização quanto a novas contratações.

Por conta disso, representantes da Surdovel (Associação de Surdos de Cascavel) e do Fórum Municipal em Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência se reúnem na terça-feira (13), na sede do Sinteoeste (Sindicato dos Trabalhadores das Universidades do Oeste do Paraná), às 14h, para entrar com um mandado de segurança na tentativa de garantir a contratação deste profissional o quanto antes. Neste encontro será decidido se o mandado será contra o Estado ou a Unioeste ou até mesmo contra ambos. O diretor social e cultural da Surdovel, Julio Marcos de Souza, confirma a possibilidade do pedido.

A falta do intérprete de Libras trouxe prejuízos também aos acadêmicos de Pedagogia, que possuem em sua grade curricular a disciplina da Língua Brasileira de Sinais, obrigatória para a conclusão do curso.

Autonomia

A Seti (Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior) foi procurada pela reportagem para se posicionar quanto a possibilidade de autorização de vagas e horas para intérpretes, porém, não retornou até o fechamento desta edição. Vale lembrar que no fim de setembro, quando do surgimento das primeiras manifestações dos acadêmicos, a secretaria informou que as universidades estaduais têm autonomia para realizar concursos públicos desde que existam vagas autorizadas, abertas quando há pedidos de exoneração ou falecimento. No caso da Unioeste, a própria instituição deveria avaliar o quadro e se possui essas vagas autorizadas, para daí sim realizar o concurso.

Manifestações

No ano passado, a Surdovel organizou um protesto no centro de Cascavel na tentativa de pressionar o Estado. Além disso, a promotoria foi acionada para que, por meio do Ministério Público, fosse exigida a presença do intérprete dentro da sala de aula. A ação, no entanto, não surtiu efeito.