Esportes

A volta do Japonês Voador

De Cascavel onde começou a trajetória esportiva, ele seguiu por vários lugares do País e a habilidade no MotoCross consagrou Eduardo Saçaki, o eterno Japonês Voador, como campeão brasileiro por 11 vezes e inúmeros outros títulos na trajetória ao longo de 22 anos.

Ele retornou a cidade que lhe trouxe a visibilidade em duas rodas e mesmo após 12 anos sem competir profissionalmente levou o público a momentos de muita adrenalina e recebeu aplausos.

Saçaki foi um dos ilustres convidados para a 5ª etapa do Campeonato Paranaense de Motocross, disputada no Motódromo do Autódromo Zilmar Beux, no início do mês.

“Quando veio o convite foi como uma intimação. Na hora falei que iria e simplesmente vim. Não tenho mais moto e nenhum equipamento, mas arrumaram uma motocicleta, capacete e um par de botas”, comenta.

Mesmo sabendo que não iria disputar uma prova, a presença de pessoas que esperavam por ele, trouxe uma ansiedade a Saçaki que não queria decepcioná-las de forma alguma.

“No meu intuito participaria apenas de uma ou duas voltas de apresentação, mas quando falava das voltas de apresentação sentia que teria que largar pelo menos, pois havia muitas pessoas na expectativa e até os próprios pilotos queriam que eu estivesse junto no grid de largada”, lembra.

O instinto de piloto prevaleceu e ele mostrou na pista, muito mais do que havia planejado. “Como eu queria fazer bonito, fui para a largada, assumi a segunda posição logo na primeira volta e permaneci nela até começar a errar. Quando em uma freada eu já não conseguia fazer o desenho da curva e ao trocar marcha errada decidi parar porque o erro poderia me levar ao mesmo que aconteceu em Toledo”, comenta Saçaki.

Queda violenta

O erro que recorda ocorreu em 2013 em uma das tantas competições do Japonês Voador. “Em 2013 fiquei nessa de só largar, larguei e na terceira volta já era o terceiro colocado. Foi então que incorporei o espírito do Japonês Voador, ai já comecei a visualizar onde estava o primeiro lugar e como não estava preparado, cai e acabei quebrando seis costelas e a coluna. Foi muito sério e fique muito tempo sem esquecer desse momento”, relembra.

Milagre

O acidente que o afastou definitivamente do esporte aconteceu ainda em 2005 na cidade de Carlos Barbosa no Rio Grande do Sul. Saçaki teve o pior acidente da carreira, sofreu fratura de crânio e coluna e outras partes do corpo, além de perder órgãos como baço e rim esquerdo.

“Fui considerado morto, recebi a extrema unção e no dia que eles desligaram os aparelhos, foi quando realmente voltei sem auxílio de aparelhos, então isso foi realmente um milagre”, afirma.

Projetos para Cascavel

Emocionado pelo retorno a Cascavel e, sobretudo, pelo comprometimento de amigos e pessoas que hoje estão à frente do motociclismo, Saçaki tem planos para permanecer mais tempo na cidade, mas dessa vez, como assessor no esporte.

“Pensei até em montar uma equipe e estar mais envolvido, porque em Cascavel há pilotos da nova geração com grande potencial, que são joias preciosas e que só precisam de uma lapidada”, revela.

Apostas

Saçaki considera que de maneira geral os pilotos na cidade têm potenciais e destaca uma admiração especial por Chico Bento. “Quando morei aqui, já era um piloto rápido, mas andava na categoria 65 cc e hoje ele continua rápido, mas pela categoria principal”, cita.

O experiente japonês deixa um conselho para aqueles que assim como ele pretendem “voar” no Motocross. “Além de fazer um trabalho sério é preciso saber se estão dispostos a passar pela vida de esportista que não é fácil. Se hoje esse pessoal não estiver a fim de chorar, não tem jeito. Lembro que quando treinava muito no esporte, várias vezes tive a vontade de abandonar e vinha o choro”.

Premiações

Eduardo Saçaki é campeão latino-americano por duas vezes, vice-campeão japonês, 11 vezes campeão brasileiro e campeão pelos estados do Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. “Por onde passei fui um cara bem sucedido”, comemora o japonês voador.