Cotidiano

A importância de uma boa gestão escolar é tema de debate no Educação 360

RIO – Uma boa gestão é capaz de operar grandes feitos. A afirmação pode ser provada com projetos bem sucedidos de escolas que viram seus indicadores melhorarem graças à eficácia de seus diretores. Bons exemplos não faltam, o grande desafio é transportar essas iniciativas para larga escala. A importância da boa gestão para uma escola foi o assunto de uma das mesas encontro internacional Educação 360, realizado pelos jornais O GLOBO e ?Extra?, em parceria com o Sesc. O seminário, que termina neste sábado, na Escola Sesc de Ensino Médio, em Jacarepaguá, tem apoio da Coca-Cola Brasil, da TV Globo e do Canal Futura.

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– Chega a ser um paradoxo o tamanho da crise que temos (na educação) e, ao mesmo tempo, tantas experiências boas. Não se consegue traduzir essas iniciativas em sistemas, padrões e regularidades que possam ser escaladas – afirmou o superintendente executivo do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques, concluindo: – O caminho é simples, porém, trabalhoso. Os desafios da educação pública, sobretudo da gestão, são do campo do ordinário, e não do extraordinário. Mas nossa cultura é dificultar tudo. O simples leva a uma mudança contínua, aprendizado continuo. Talvez aí exista uma pista para se pensar em como dar conta da escala.

Um dos bons exemplos de gestão no nosso país fica em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. Antes conhecida por ser uma das instituições mais violentas da região, a Escola Municipal Darcy Ribeiro deu a volta por cima após um trabalho de reestruturação promovido pelo diretor da unidade, Diego Lima. Ele criou uma forma de ouvir a comunidade escolar para identificar os pontos de crise da escola. A partir das respostas de um questionário distribuído a pais e alunos, que, então, estreitaram seus laços com a escola, Lima começou a reorganizar a Darcy Ribeiro e implementar projetos que atraíssem o interesse dos estudantes.

– No meu primeiro dia, os alunos jogaram maçãs e água em cima de mim, colocaram fogo no banheiros e nas lixeiras da escola. Eu parei, disse que não iria embora e que iríamos reverter o olhar punitivo que a escola tinha. Foi assim que tudo começou. Dando voz e valorizando o protagonismo aos alunos – contou o diretor.

Durante o debate, o educador Binho Marques, ex-governador do Acre, falou sobre a necessidade de transformação imediata das escolas, que devem buscar um modelo mais democrático e conectado com os anseios dos jovens.

– Olhamos para a escola e vemos que ela já ficou muito para trás. A escola do século XXI tem que ser para todos. É inadmissível imaginar uma escola para poucos. Precisamos de uma escola que garanta autoestima e respeito pelo outro. Onde o aluno percebe que o que se faz lá dentro tem relevância – disse Marques.

Para multiplicar as histórias de sucesso, o projeto “Aprender linguagem: formação de coordenadores de educação infantil” desenvolve um trabalho de preparação dos profissionais que atuam nas escolas. São exercitados conteúdos relativos ao desenvolvimento da linguagem, além da discussão de situações de sala de aula. Os monitores do projeto acompanham as reuniões de coordenadores com o corpo docente da escola. Em cinco meses de projeto, 37 coordenadores foram treinados.

A importância de experiências de gestão não fica restrita aos professores e diretores. Alunos também podem desenvolver essas habilidades, que, no futuro, podem contribuir inclusive profissionalmente. A associação Junior Achievement já auxiliou 4 milhões de alunos brasileiros a impulsionarem a capacidade empreendedora em projetos desenvolvidos em escolas públicas e privadas. Através da organização de mini empresas, os estudantes entram em contato com diversas funções necessárias para tocar um empreendimento. Como o projeto é desenvolvido na escola, seu vínculo com a instituição acaba sendo reforçado.