Cotidiano

“Ronco” fica mais grave após os 50 anos e acima do peso

Uma pesquisa inédita sobre a Apneia Obstrutiva do Sono (AOS), conhecida popularmente como “ronco”, na capital paulista, será apresentada no Congresso Brasileiro do Sono, o maior evento nacional sobre o assunto que ocorrerá dias 30 de novembro e 1º de dezembro no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo.

O tema faz parte da programação científica do evento, que terá congressistas e convidados renomados da comunidade médica, nacionais e internacionais, apresentando assuntos e estudos ainda não divulgados para o público. Muitas vezes entendida como uma manifestação do corpo sem importância, a Apneia Obstrutiva do Sono se caracteriza pela redução ou interrupção da respiração devido ao bloqueio das vias áreas superiores (garganta) durante o sono. Os episódios têm no mínimo dez segundos, fazendo com que a pessoa acorde várias vezes durante a noite.

O estreitamento da via de passagem do ar tem como motivos principais pertencer ao sexo masculino, o progredir da idade, o aumento do peso e as alterações craniofaciais.

A pesquisa

A médica Lia Azeredo Bittencourt, doutora em pneumologia pela Universidade Federal de São Paulo e especialista em medicina do sono, explica sobre a pesquisa: “Esses resultados se referem a um projeto que compreendeu um estudo populacional com delineamento longitudinal, ou seja, análise das variações das características dos mesmos elementos de amostra ao longo de um longo período de tempo. Realizado em voluntários do estudo de base Episono, feito em 2007 e reavaliados após oito anos de seguimento. O Episono foi desenvolvido para estabelecer o perfil epidemiológico dos distúrbios de sono e de seus fatores associados em indivíduos adultos da cidade de São Paulo entre julho e dezembro de 2007”.

No total, em 2007, 1.101 voluntários foram selecionados e houve 1.042 participantes, sendo 44,9% homens e 55,1% mulheres, que aceitaram participar do estudo. A prevalência da Apneia Obstrutiva do Sono foi de 32,9% e predominou no sexo masculino, em pessoas mais velhas e acima do peso.

Em 2015, oito anos depois, 712 pessoas aceitaram participar do estudo de seguimento; 130 pessoas se recusaram a participar, 158 não foram localizadas e 44 haviam falecido.

A incidência nos pesquisados de AOS leve foi de 26,3%, com 81 casos novos; a AOS moderada foi 9,4%, com 29 casos novos; e a AOS grave foi 4,2%, com 13 casos novos. Lia esclarece que a “AOS leve foi mais prevalente na faixa de 41 a 60 anos no período basal, sem diferenças, porém, no período de seguimento. A AOS moderada à grave foi associada à faixa etária de 51 a 80 anos no período basal e 59 a 68 anos no período de seguimento”.

Mais informações sobre o Congresso Brasileiro do Sono: congressodosono2018.com.br.

 

Sobre a Associação Brasileira do Sono

Fundada em 1985 como Sociedade Brasileira do Sono, a ABS (Associação Brasileira do Sono) foi reconhecida como associação a partir de 2003. Formada por especialistas que estudam o sono, incluindo desde áreas experimentais básicas, biólogos, técnicos de polissonografia, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, odontologistas e médicos, a entidade tem como sociedades coirmãs: a Abros (Associação Brasileira de Odontologia do Sono) e a ABMS (Associação Brasileira de Medicina do Sono), ambas criadas para atender necessidades específicas de dentistas e médicos.

A ABS possui 2.600 associados e está representada em 30 cidades brasileiras. Reconhecida mundialmente, a entidade promove inúmeras atividades, incluindo cursos, reuniões com a sociedade civil e com os gestores de políticas públicas, além de promover diálogo constante com a sociedade sobre os mais diversos temas relacionados ao sono.

A Associação Brasileira do Sono é responsável também pelo periódico científico Sleep Science, revista publicada em inglês com reconhecimento mundial, recebendo artigos científicos originais de todas as partes do mundo. Mais informações: www.absono.com.br.