CHAPECÓ (SC) – Enquanto caminha pelo gramado da Arena Condá, Altair Zanella parece se perder em meio a multidão de jornalistas. Como quem perdeu um filho, um dos sócios fundadores da Chapecoense vê seu clube viver um dos maiores dramas desde a fundação, há 43 anos.
– Alegria era o que tínhamos com a Chapecoense, com essa tragédia perdemos até a vontade de viver – relata, emocionado.
Sem a mesma força que o fez, em 1973, dar o primeiro passo para criar a equipe que alcançou destaque nacional, o fundador agora deposita suas esperanças para que os mais jovens consigam reestruturar o clube que foi devastado na terça-feira, em um acidente aéreo na Colômbia.
– Eu espero que a torcida, que os poucos da atual diretoria que ficaram, que alguém se dedique a construir a nova Chapecoense. Que Deus dê força para que ela continue a formar um time de expressão ou até melhor de que aonde chegamos – acrescenta, em lágrimas.
Nas últimas 48 horas, Altair tem se tornado referência para narrar a trajetória da Chapecoense. Apesar de, ainda muito abalado, ter dificuldades para falar, ele recorda que as pretensões iniciais ao criar o clube não passavam das disputas locais.
– A Chapecoense foi fundada não para chegar onde estava. O objetivo era fazer um time para disputar o campeonato amador da cidade – conta.
Dos planos iniciais vieram conquistas que cada vez mais alegraram aqueles que deram o pontapé inicial. O primeiro título internacional, com a final da Copa Sul-Americana, seria um grande presente para Altair.
– Eu tinha plena convicção de que sairíamos vencedores se tivéssemos conseguido jogar – conclui.