A seletiva olímpica da equipe de natação dos Estados Unidos terá piscina cheia. Todos os 12 mil ingressos da Century Lin, arena aquática em Omaha, no estado de Nebraska, foram vendidos. A partir deste domingo, é o verdadeiro evento-teste, o que mais se aproxima do clima dos Jogos do Rio. Serão 1.800 atletas, o dobro dos participantes em raias cariocas. Mas é sobre Michael Phelps que todas as atenções estarão voltadas por uma semana.
Aos 30 anos, recém-liberado da pena de liberdade condicional observada nos últimos 18 meses por dirigir sob influência alcoólica, e pai pela primeira vez desde maio deste ano, Phelps vive uma temporada de bonança. Sem turbulências na vida pessoal, ele cairá na água na segunda-feira, dia 27, pela primeira vez, nas preliminares dos 200m livre.
Ao longo da semana, Phelps tentará vaga em mais quatro provas: 200 medley, 100m livre e 100m e 200m borboleta. As preliminares serão sempre pela manhã, às 9h, e as finais, a partir de 17h45m. Nos 100m e 200m livres, entrará na briga do revezamento. Nas demais, tentará as vagas individuais.
Devido ao momento família, Phelps desistiu de competir em Atlanta, no último mês, o que só aumentou as expectativas em relação ao seu desempenho. Nadou um torneio no Texas no início de junho, mas não foi bem e ficou fora do pódio nos 200m livre, com 1min48s73, dentro do índice.
Mas quando estiver prestes a deixar o bloco e cair na água, Phelps fará história mais uma vez. Basta carimbar o passaporte para o Rio e ele se tornará o primeiro nadador homem dos EUA a disputar cinco olimpíadas, igualando Dara Torres, que obteve a façanha nas piscinas de 1984, 1988, 1992, 2000 e 2008.
Phelps já é o nadador americano com maior números de vitórias em seletivas, com 13, e pode aumentar a marca em breve. As previsões mais otimistas põem Phelps com quatro vagas. Só não pegaria o revezamento nos 200m livre.
– Estamos esperando que Michael Phelps seja Michael Phelps – disse Alex Pussieldi, comentarista de natação do Sport e ex-treinador, com passagem pela seleção americana.
O Coach, como Pussieldi é conhecido, está nos EUA para acompanhar a seletiva com um olhar especial sobre Phelps, a quem segue desde o começo da carreira do maior medalhista de todos os tempos – 22 premiações olímpicas, 18 delas de ouro.
– Desde que desistiu da aposentadoria, após Londres-2012, e voltou a se dedicar a sério, ele foi o nadador mais rápido dois últimos dois anos nos 100m borboleta e 200m medley. Ele treina de domingo a domingo, parou de beber e está muito bem fisicamente. Vamos ver o quanto ele consegue nadar forte – destacou Pussieldi.
Com um lugar na história do esporte assegurado, Phelps resolveu apostar alto na diversão e perdeu a disputa para o álcool. Ao dirigir embriagado a caminho de um cassino de Baltimore, cidade onde nasceu, o ídolo foi parado por policiais e punido. Frequentou os Alcoólicos Anônimos (AA), o que não o livrou de um gancho da federação. Fora do Mundial de Kazan, na Rússia, em 2015, jogou todas as fichas na esperança de uma volta triunfal.
No campeonato americano disputado quase simultâneo àquele Mundial, fez os melhores tempos do ano nos 200m medley (1m54s75) e nos 100m (50s45) e 200m borboleta (1m52s94). Venceria Ryan Lochte (1m55s81), Chad le Clos (50s56) e Laszlo Cseh (1m53s48), campeões em Kazan.
Ryan Lochte, dono de cinco medalhas de ouro, é o maior rival caseiro de Phelps. Vai nadar os 100m e 200m livre, 200m e 400m medley (com provas neste domingo), 200m costas e 100m borboleta. Fora de casa, o sul-africano Chad Le Clos venceu a prova dos 200 metros borboleta em Londres-2012 e deixou Phelps para trás.
Ainda em águas americanas, o velocista Caeleb Dressel, da Universidade da Flórida, é um nome que atrai atenção na provas de velocidade, apesar da pouca idade. Protegido de Ryan Lochte, que o incentivou a trocar de técnico, tem 20 anos e já bateu o recorde mundial da prova de 50 jardas livres, distância disputada apenas nos Estados Unidos. A marca era de Cesar Cielo. Dressel repetiu a façanha no mesmo dia: fez 18s39 na preliminar e 18s22 na final.