RIO ? Era 7 de setembro de 2002, quando a Espanha tirou sua casquinha do mais frágil time de basquete americano na dinastia ?Dream Team?. Jogando em casa, em Indianápolis, a equipe da qual mais se espera no esporte passou vergonha ao perder a disputa pela quinta posição do Mundial ? antes, fora derrotada por Argentina e Iugoslávia. Desde então, foram três encontros em mata-mata de Jogos Olímpicos, e a façanha não se repetiu, mas as eliminações sempre ocorreram em jogo duro, nunca por diferença superior a dez pontos. Basquete USA – 1808
Já se passaram quase 14 anos, mas, hoje, às 15h30m, os espanhóis parecem não ter mudado de arma. Cestinha daquela noite em Indianápolis, com 19 pontos, o pivô Pau Gasol chega aos 36 anos como líder do forte time espanhol, ainda que seus conterrâneos tenham seguido também o caminho da NBA. Com média de 17 pontos e 8,7 rebotes em 26,8 minutos por jogo no Rio, ele é, segundo os cálculos da Federação Internacional de Basquete (Fiba), o terceiro jogador mais eficiente do torneio olímpico ? Kevin Durant, adversário de hoje, lidera a estatística.
Gasol quase ficou longe do Rio por medo do vírus zika. Só em junho ele confirmou sua vinda ? e cogitou congelar seu esperma antes da viagem. Talvez por isso o jogador tenha sido alvo da torcida na derrota por um ponto para o Brasil, quando parecia ceder à pressão ao desperdiçar sete de 12 lances livres. Na última temporada da NBA, seu índice de acerto foi de 79,2%.
Scariolo: ?Ele não está bem?
Logo agora que prometia ter a torcida a seu favor, dores musculares podem tirá-lo do confronto contra os EUA. Nas quartas de final, Gasol só ficou em quadra por 23 minutos e marcou cinco pontos na vitória sobre a França, por 92 a 67. Ontem, durante treino da equipe, o treinador da Espanha, o italiano Sergio Scariolo, mostrou preocupação com o astro.
? Ele não está bem. Não posso dizer com segurança (se jogará). Ele segue fazendo tratamento. Não era o que necessitávamos, mas é o que temos e esperamos que ele possa evoluir bem para ajudar seus companheiros em pelo menos parte do jogo ? disse Scarolo, que destacou a importância do jogador mesmo longe de seu estado ideal. ? Contra a França, em um dia brilhante, Pau (Gasol) foi extremamente importante por trás, com sua comunicação e ajuda. Todos conhecemos a importância decisiva de Pau no nosso time, mas a saúde dele é prioritária. As 5 derrotas do basquete masculino dos EUA em Olimpíadas
Se for confirmada a ausência de Pau Gasol, será mais um a desfalcar a equipe espanhola. O outro é Marc, cinco anos mais novo e também pivô com carreira de sucesso no basquete americano. Recuperando-se desde fevereiro de uma fratura no pé direito, ele foi a principal baixa da Espanha ? medalhista de prata nos últimos dois Jogos Olímpicos e campeão mundial em 2006.
Nenhuma seleção olímpica tem tanto jogadores na NBA quanto os espanhóis, tirando, é claro, a dos Estados Unidos. São sete ao todo, e outros três já passaram por lá. Uma das exceções no elenco, o armador Sergio Llull, titular da seleção, só não joga na liga americana, porque não quer. Ele optou pelo Real Madrid, da ACB, a liga espanhola, a segunda mais rica do mundo.
Desde a vitória em Indianápolis, uma nova vitória espanhola sobre os EUA parece cada vez mais possível. Além das quatro derrotas apertadas, o único jogo fácil para os americanos foi uma partida na fase de grupo em Atenas-2004, que terminou com diferença de 37 pontos. Um dos mais virtuosos do grupo, o armador Ricky Rubio, que conquistou a prata em Pequim-2008 com apenas 17 anos, acredita ser possível chegar à final dos Jogos do Rio contra o vencedor de Austrália x Sérvia, que se enfrentam hoje, às 19h, também na Arena Carioca 1. O jogador alfinetou quem acreditava que a geração espanhola já havia ficado para trás.
? Eles estão errados. O que fizemos nos últimos 10, 12 anos não é fácil. O que fizemos é porque acreditamos um no outro ? disse Rubio, falando sobre o espírito diante dos favoritos ao ouro. ? Temos jogados um contra o outro como rivais a três olimpíadas. Vai ser divertido.
EUA x Espanha também no feminino
Campeão de tudo desde 1994, quando o Brasil conquistou o título mundial feminino, os Estados Unidos buscarão seu sexto ouro seguido amanhã, às 15h30m. Ontem, a equipe americana até enfrentou certa dificuldade no primeiro tempo contra a França, mas abriu distância no marcador ao vencer o terceiro quarto por 25 a 8 e terminou com folgada vantagem: 86 a 67.
A final será contra a Espanha, que, no feminino, ainda não tem medalhas olímpicas. Vice-campeãs mundial em 2014, as espanholas venceram por 68 a 54 a Sérvia, campeã europeia no ano passado. Amanhã, às 11h30m, França e Sérvia disputarão a medalha de bronze.