Cotidiano

Temer deve indicar político e não jurista para Ministério da Justiça

michel-temer.jpgBRASÍLIA E SÃO PAULO – Diante da crise de
segurança pública no Espírito Santo, o presidente Michel Temer avalia acelerar a
nomeação de um novo ministro da Justiça. Segundo interlocutores de Temer, a
tendência maior, hoje, é que um político seja indicado, para ajudar a pacificar
a bancada do PMDB no Congresso. Um dos nomes mais cotados para a vaga, o
advogado Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, perde força, embora ainda não tenha
sido descartado.

O presidente e Mariz devem conversar nesta sexta-feira. O advogado enfrenta resistências
pelas críticas feitas à Operação Lava-Jato, no ano passado. Três integrantes da
força-tarefa da Lava-Jato ouvidos pelo GLOBO afirmam que não desejam ver Mariz
na liderança do combate à corrupção. Reservadamente, eles torcem pela escolha de
nomes como o do ex-ministro Carlos Ayres Britto, um dos citados nos últimos dias
por auxiliares de Temer. Ayres Britto, no entanto, não tem interesse em aceitar
o cargo. O fato de o governo estar na berlinda por conta da situação de Moreira
Franco (Secretaria-Geral), cuja nomeação está sendo questionada na Justiça,
também enfraquece a opção por Mariz, que poderia gerar nova polêmica.

Ministro da Justiça

? O presidente nunca falou se iria escolher o novo ministro antes ou depois
da aprovação do nome de Alexandre de Moraes na Comissão de Constituição e
Justiça do Senado. Quem está efetivamente à frente da crise na Segurança é o
ministro Raul Jungmann (Defesa), com as Forças Armadas, ao lado do ministro
interino da Justiça. Mas, o ideal é, de fato, ter a composição definitiva no
Ministério da Justiça o mais breve possível. Essa crise no Espírito Santo pode
precipitar a escolha do novo ministro ? afirma um auxiliar de Temer.

Na terça-feira, a cúpula tucana deu sinal verde para a escolha de Mariz para
o Ministério da Justiça. A interlocutores, Temer disse que ficou ?condoído? de
não ter podido nomear o amigo, que conhece há mais de 40 anos, no ano passado.
Mas o Blog do Moreno, no site do GLOBO, revelou ontem que Temer teria desistido
de indicá-lo por conta da polêmica envolvendo suas posições contrárias a
aspectos da Lava-Jato.

Neste cenário, junto ao fato de Temer estar sendo cobrado por mais espaço
pelo PMDB, especialmente na Câmara, onde a reforma da Previdência começa a
tramitar, crescem as chances de o presidente acolher uma indicação da bancada
para a pasta. Nesta conjuntura, somado à pressão do PMDB por mais espaço no
governo, o nome do deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) tem ganhado força. Ele tem
se movimentado intensamente nos últimos dias para conseguir a nomeação para a
vaga que era de Alexandre de Moraes, indicado para o Supremo Tribunal Federal
(STF) por Temer.

Além de contar com o apoio de parte significativa da bancada do PMDB na
Câmara, Pacheco já conversou com lideranças políticas como o presidente do PSDB,
senador Aécio Neves (MG); o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ); o
ministro do Esporte, Leonardo Picciani; e o ministro da Secretaria de Governo,
Antonio Imbassahy.

Pacheco é visto como um ?bom nome? por Maia; como um ?perfil ideal? por
Picciani e também tem a simpatia de Aécio. Ele é considerado um integrante do
?PMDB do A? em Minas, ou seja, mais próximo ao grupo do senador tucano que os
peemedebistas ?do P?, aqueles que apoiam o governador Fernando Pimentel (PT).
Temer garantiu a Aécio, na quarta-feira, que não fará uma nomeação sem antes
consultar o PSDB, já que Alexandre de Moraes era um quadro do partido.

? Mariz não está descartado, mas a tendência maior é de uma decisão política,
que leve em conta a conjuntura de votações complexas no Congresso nesse período.
Há uma circunstância política para resolver no Congresso que está pesando na
avaliação dele ? diz uma fonte do Planalto. (Colaboraram Thiago Herdy e
Cristiane Jungblut)