WASHINGTON ? Uma investigação da Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu que o governo do presidente sírio, Bashar al-Assad, e o grupo extremista Estado Islâmico (EI) utilizaram armas químicas na Síria. O relatório do organismo internacional responsabiliza o regime por dois ataques do gênero, acrescentando que os jihadistas utilizaram gás mostarda.
A investigação, que também teve participação da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq), analisou nove ataques em sete áreas da Síria. Um estudo separado da organização já havia determinado que o uso de armas químicas nestes casos era altamente provável.
Dentre os nove ataques, oito envoveram o uso de cloro. A investigação não conseguiu chegar a conclusões precisas em seis casos, mas indicou que três deles exigem uma apuração mais profunda.
Os resultados do inquérito afeta a situação do Conselho de Segurança da ONU entre a cinco potências com direito a veto: China e Rússia de um lado são contra a imposição de sanções sobre o governo sírio, enquanto Estados Unidos, Grã-Bretanha e França se posicionam a favor.
“É essencial que os integrantes do Conselho de Segurança se unam para garantir as consequência aos que usaram armas químicas na Síria”, sustentou a embaixadora americana na ONU, Samantha Power, em comunicado. “Nós clamamos fortemente que todos os Estados apoiem e exerçam ação através do Conselho de Segurança”.
DEBATE NA PRÓXIMA SEMANA
O Conselho, composto pode 15 membros, deve incluir o relatório em sua pauta de debates na próxima semana. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que o documento seria levado a público após a reunião.
A investigação não encontrou informação suficiente para concluir que helicópteros da Força Aérea Síria lançaram dispositivos que liberavam substâncias tóxicas em Talmenes, em 21 de abril de 2014, e em Sarmin, em 16 de março de 2015 ? ambas na província de Idlib. Os dois episódios envolvem o uso de clorino.
O relatório também indica evidências insuficientes para concluir que militantes do EI foram “a única entidade com a habilidade, capacidade, motivação e meios para usar gás de mostrada sulfúrica em Marea em 21 de agosto de 2015”.
A Síria concordou em destruir suas armas químicas em 2013 sob um acordo liderado por Rússia e Estados Unidos. O Conselho de Segurança apoiou o acordo com uma resolução que alegava que, em caso de não cumprimento, “incluindo a transferência desautorizada de armas químicas, ou qualquer uso de armas químicas por qualquer um” na Síria, seriam impostas medidas do Capítulo 7 da Carta das Nações Unidas.
A seção aborda sanções e autorizações de força militar pelo Conselho de Segurança. O órgão precisaria adotar outra resolução para impor sanções visadas ? bloqueio de viagens e congelamento de bens ? sobre pessoas ou entidades ligadas a ataques.