Cotidiano

Mulheres que queriam eleger secretária-geral criticam vitória de Guterres

RIO ? Não foi a todos que agradou o anúncio de que António Guterres provavelmente será o próximo secretário-geral das Nações Unidas. A vitória do ex-premier português em uma votação decisiva na quarta-feira provocou críticas de mulheres que investiram em uma forte campanha pela eleição de uma mulher para chefiar a organização. Para elas, a saída da a comissária europeia Kristalina Georgieva da disputa, a principal oponente de Guterres, é uma derrota para a igualdade de direitos e à igualdade de gênero.

?Havia sete excelentes candidatas mulheres na corrida e no final parece que elas nunca foram seriamente consideradas. Isto é um ultraje!”, disse em comunicado a Campanha Para Eleger Mulher Secretária-Geral da ONU.

O Centro para a Liderança Global das Mulheres (Center for Women?s Global Leadership), da Universidade Estadual de Nova Jersey, também emitiu uma mensagem em seu Twitter:

?O próximo secretário-geral da ONU não é uma mulher, mas vamos garantir que ele seja feminista?.

Também pelo Twitter, a costa-riquenha Christiana Figueres, secretária-executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que abandonou sua candidatura em julho, afirmou que o resultado da votação era ?amarga e doce?. ?Amarga: uma mulher não foi escolhida. Doce: aquele que, de longe, era o melhor homem na disputa, venceu. Parabéns, António Guterres?.

Logo após a votação de quarta-feira, Georgieva reconheceu a vitória de Guterres no processo e parabenizou o ex-premier pelo resultado. Hoje, ela retornou ao seu trabalho na Comissão Europeia, após ter solicitado licença na semana passada para concorrer à chefia da organização.

Neste ano, um total de 56 países se uniram em uma iniciativa promovida pela Colômbia para que a próxima chefe da ONU fosse uma mulher. O processo para suceder Ban Ki-moon, que completa seu segundo mandato de cinco anos no fim de 2016, foi desde o início muito marcado pela questão de gênero.