BUENOS AIRES ? Em mais um capítulo da história de desentendimentos entre o presidente da Argentina, Mauricio Macri, e ONGs de defesa dos direitos humanos argentinas, o chefe de Estado foi alvo de duras críticas por sua decisão de modificar vários feriados nacionais de 2017. Ele alterou, até mesmo, o feriado do dia 24 de março, criado pelo governo da ex-presidente, Cristina Kirchner (2007-2015), para lembrar o golpe de Estado de 1976. Por decreto presidencial, o feriado passou da sexta-feira, dia 24, para a segunda-feira, dia 27. A medida foi considerada uma provocação pela presidente das Avós da Praça de Maio, Estela Carlotto.
? Estamos fartos de provocações. Existe uma intenção não dissimulada de minimizar uma data tão desgraçada ? declarou a presidente das Avós a meios de comunicação locais, afirmando que o verdadeiro objetivo de Macri é desmobilizar as marchas contra o golpe. ? Nada é por acaso. Eles vão vendo até onde chegam, depois se arrependem e pedem desculpas.
As mudanças feitas pela Casa Rosada visam, segundo informou o governo em nota oficial, reativar a economia, ainda mergulhada numa delicada recessão. Macri eliminou vários feriadões criados pelo governo anterior – na época para estimular o turismo – e reestruturou o calendário de todos os feriados nacionais. Foi mudado, também, o feriado do dia 2 de abril, dedicado aos veteranos e mortos na Guerra das Malvinas.
Em seu primeiro ano de governo, Macri teve vários atritos com ONGs, como as Avós e Mães da Praça de Maio. Um dos conflitos foi desencadeado pela visita do ex-presidente americano, Barack Obama, justamente em 24 de março do ano passado. As ONGs locais repudiaram a data escolhida pela visita e lembraram que os Estados Unidos apoiaram a última ditadura do país (1976-1983).