Curitiba – Em sua delação premiada, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado afirmou que pagou ao menos R$ 70 milhões desviados de contratos da subsidiária da Petrobras para líderes do PMDB no Senado. Segundo o relato de Machado, a verba foi repassada para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ao senador Romero Jucá (PMDB-RR) e para o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP). A maior parte da propina teria sido entregue para o presidente do Senado, sendo R$ 30 milhões.
Renan é considerado o padrinho político de Machado e principal responsável por dar sustentação a ele no cargo, que ocupou por mais de dez anos. O ex-presidente apontou ainda aos investigadores que Jucá e Sarney levaram do esquema R$ 20 milhões cada um. Não há detalhes sobre como Machado teria feito esses repasses, que foram desviados da empresa que é responsável pelo transporte de combustível no país. A colaboração traria ainda indicações de recursos para os senadores Edison Lobão (PMDB-MA) e Jader Barbalho (PMDB-PA).
A delação de Machado já foi homologada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e a Procuradoria-Geral da República avalia os depoimentos para as investigações. Os depoimentos indicaram o caminho do dinheiro passado para os peemedebistas. Entre as suspeitas está a de que os peemedebistas teriam recebido parte da propina em forma de doações eleitorais, para facilitar a vitória de um consórcio de empresas em uma licitação para renovar a frota da Transpetro. Diante das colocações do ex-presidente da Transpetro, a expectativa é de que a Procuradoria ofereça as primeiras denúncias contra os integrantes da cúpula do PMDB no Senado.
Segundo pessoas próximas às investigações, os depoimentos de Machado são um dos melhores entre as delações fechadas porque revela detalhes e não apenas indicações ou referências do que teria ouvido sobre o esquema. Machado fechou delação depois que as investigações contra ele e um de seus filhos avançaram, sendo que ficou com receio de ser preso. Ele teve seus sigilos bancário e fiscal quebrados pelo juiz Sergio Moro.