BRASÍLIA – O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, só deve começar a apresentar ao Supremo Tribunal Federal (STF) os pedidos de abertura de inquérito contra políticos acusados de corrupção por executivos da Odebrecht depois do carnaval. Entre os prováveis alvos das investigações estarão deputados, senadores e ministros apontados pelos delatores como beneficiários de desviado de contratos entre a Odebrecht e administração pública, especialmente da Petrobras.
Esta definido também, desde dezembro passado, que o procurador-geral pedirá o afastamento do sigilo das delações dos executivos da Odebrecht. Pelo acerto entre Janot e equipe, só permanecerão em segredo informações de interesse estratégico para novas etapas das investigações. O mesmo procedimento foi adotado em relação a delações anteriores e, desta vez, não será diferente. A divulgação do conteúdo, ainda que não integral, das delações deverá ser um dos momentos de maior tensão desde o início da Operação Lava-Jato há três anos.
Nas tratativas iniciais, que precederam os acordos de delação, os executivos da maior empreiteira do país citaram os nomes de mais de 130 deputados, senadores, ministros, ex-ministros, entre outros políticos. Eles teriam mencionado também pelo menos 20 governadores e ex-governadores. Todos como destinatários de dinheiro da Odebrecht no Brasil ou no exterior. Entre os acusados estão líderes de todos os grandes partidos da base governista e da oposição. São dados que, segundo quem conhece o caso de perto, podem colocar o sistema político em xeque.
As delações foram homologadas pela presidente do STF, Cármen Lúcia, mas as decisões sobre os pedidos de inquérito dependem do ministro Edson Fachin. O ministro mudou de turma e assumiu a relatoria do caso depois da morte do ex-ministro Teori Zavascki, num acidente aéreo em janeiro.