Cotidiano

Gastroenterite infecciosa é a 1ª causa de internações hospitalares evitáveis

Cada estação tem suas doenças típicas e no verão não é diferente. Porém, é importante frisar que muitas delas podem ser evitáveis a partir de cuidados bem simples. É caso da gastroenterite infecciosa.

Segundo a Pesquisa Unidas 2018, que ouviu mais de 44 operadoras de saúde no Brasil, a gastroenterite foi a principal causa das internações evitáveis (17,2%): em torno de 390 mil pessoas foram internadas entre 2017 e 2018 vítimas da doença, mas 5,2% desse total (20 mil) poderiam ser evitáveis.

"As internações evitáveis são uma indicação de que há falhas na atenção primária à saúde. Logo, é importante voltar o olhar para isso e ter cuidados eficazes a fim de que doenças como gastroenterite infecciosa não se compliquem a ponto de levar o paciente à internação hospitalar", explica o vice-presidente da Unidas (União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde), João Paulo dos Reis Neto.

As altas temperaturas verificadas durante o verão aceleram a deterioração dos alimentos e favorecem a multiplicação de micro-organismos causadores de doenças, cujos sintomas mais frequentes são a diarreia, vômitos, náuseas e dores abdominais.

A nutricionista e coordenadora do Programa de Nutrição Preventiva da Caixa de Assistência dos Servidores do Mato Grosso do Sul (CASSEMS), Eliana Aguiar Dias, dá algumas dicas de como evitar esse transtorno. Confira abaixo:

Cuidados simples podem evitar esses transtornos.

Bares, restaurantes e quiosques

– Importante prestar atenção na organização, na limpeza das instalações e nas condições de higiene dos funcionários: uso de proteção nos cabelos, mãos com unhas curtas e limpas e uniformes limpos e conservados; reparar na temperatura dos alimentos perecíveis que necessitam de refrigeração/congelamento, como queijos, pescados, carnes, iogurtes, entre outros; reparar na presença de moscas e sinais de outras pragas; a condição do gelo é fundamental: ele sempre deve estar armazenado em embalagens ou recipientes devidamente fechados, limpos e separado de outros alimentos; pergunte sobre sua origem e se ele é industrializado ou elaborado a partir de água potável.

Lanches caseiros

– Prepare os alimentos o mais próximo possível do horário de consumo e evite aqueles muito perecíveis: queijo branco, embutidos, carnes, patês, tortas e bolos recheados. Mantenha sempre os alimentos em recipientes bem tampados e protegidos do sol. Deixe aqueles que necessitam de refrigeração dentro de caixas isotérmicas abastecidas com gelo. Porém, é preferível sempre consumir alimentos saudáveis e naturais, como frutas e cereais.

Cuidados na praia

Espetinho de camarão – Observe suas características enquanto ainda está cru. A casca deve sair inteira, sem grudar. Não deve haver pontos pretos entre as patinhas e o corpo do camarão. Já a cauda deve aguentar uma leve pressão.

Queijo coalho – Também entra na lista dos alimentos que é bom evitar, pois sua produção se dá com leite não pasteurizado.

Raspadinha – É a campeã do risco, principalmente às crianças que amam se refrescar com essa mistura de gelo e xarope. A maioria das raspadinhas vendidas é feita com gelo produzido com água não potável. Também é bom evitar sucos e batidas feitos com gelo em barra.

Milho cozido – Não oferece riscos desde que totalmente imerso em água e soltando vapor. Também é melhor comer diretamente da espiga, evitando pratos e talheres plásticos.

Pastéis – Antes de serem fritos, devem ser armazenados em caixas térmicas limpas e o óleo precisa ser novo.

Sanduíches naturais – Desde que feitos no mesmo dia, sem maionese caseira (que estraga fácil) e mantidos em caixas térmicas higienizadas, com gelo ou outro doador de frio, podem ser consumidos. Mas a temperatura das caixas térmicas deve ser suficiente para manter o produto em torno de 5ºC.

Prefira produtos industrializados – Refrescante, o picolé de fruta é um exemplo. Mas fica o alerta: consuma com moderação. Fique atento à embalagem: vale a pena conferir o estado dela, assim como o rótulo e a data de validade.

Evite alimentos crus – Diga não, por exemplo, às ostras cruas. O mesmo vale para produtos à base de maionese, que representam alto risco de contaminação pela bactéria Salmonella, principalmente quando expostos a temperaturas inadequadas.

Não utilize molhos acondicionados em bisnagas flexíveis – Geralmente, esses produtos são preparados pela manhã, ou até no dia anterior, e não são mantidos em refrigeração. Se não abre mão do molho, dê preferência aos sachês.

Bebidas também podem ser perigosas – Os riscos de contaminação não se restringem aos alimentos. Bebidas também podem provocar infecção ou intoxicação alimentar, seja devido à má procedência da água ou às más condições de preparo. Mais uma vez, a dica é ficar de olho tanto na higiene quanto no armazenamento. Observe, por exemplo, se a garrafa está livre de rachaduras ou arranhões. Além disso, utilize copos descartáveis. Se adquirir bebida em lata, lave-a antes de consumir.