Cotidiano

Fernanda Tavares já chorou com críticas ao corpo

RIO — Na temporada de inverno 2017 internacional, modelos cheias de curvas roubaram todas as atenções. Mas nos anos 90, ter um corpo violão não era um bom negócio — a estética heroin chic, com a inglesa Kate Moss como embaixadora, dominava a cena. Até que chegaram Gisele Bündchen, Fernanda Tavares e outras brasileiras, que fizeram o jogo virar a favor de um padrão de beleza mais saudável e sexy.

Fernanda conta que sua exuberância, de fato, não foi bem recebida pela indústria da moda num primeiro momento. Ouviu críticas até que Donatella Versace, Domenico Dolce e Stefano Gabbana caíram de amores por ela.

— Fui escolhida para representar a linha de lingerie da Dolce & Gabbana. Tive meu contrato renovado por anos. Também fiz campanha para dois perfumes deles. A mulher da grife é forte, sensual e tem um olhar marcante. Ainda me sinto assim — diz Fernanda.

Ela, nascida no Rio Grande do Norte, confirma que existe uma ditadura da beleza, dos padrões, no meio da moda.

— Para ser modelo e continuar trabalhando, você precisa se cuidar. Depois que fui mãe (ela tem dois filhos de seu casamento com o ator Murilo Rosa), passei a malhar, a praticar muay thai e correr. Não como carne vermelha, não bebo e não fumo. Tudo isso temme ajuda a ter uma vida saudável e manter as medidas que a moda pede. Nunca fiz cirurgia plástica.

Aos 35 anos — mais de 20 no mercado fashion —, Fernanda já fotografou para as marcas Chloé, Ralph Lauren e Louis Vuitton, apareceu na capa da “Vogue” francesa e desfilou para as grifes Dior, Saint Laurent, Valentino, Diane von Furstenberg e Victoria’s Secret. Na São Paulo Fashion Week, viveu um dos momentos mais comentados de sua carreira: na temporada de verão 2001, foi clicada de biquíni nos bastidores de uma apresentação e sua celulite virou notícia.

— Foi divulgado como se fosse um crime. Na época, foi muito chocante e eu não soube lidar com a situação. Chorei e até pensei em nunca mais trabalhar no Brasil. Logo em seguida, fechei contrato com a L'Oréal, um anúncio internacional de uma linha de corpo contra celulite — recorda. — Nós mulheres somos julgadas constantemente e, para sermos aceitas, precisamos estar nos moldes desejados. Nunca fui essa mulher. Sou brasileira e tenho curvas, sim.

Sobre a passagem do tempo — um pesadelo para muitas modelos —, ela é direta:

— Acho que vou envelhecer feliz, sempre faço o que gosto.