RIO ? Licitado em 2013 e com previsão de estar concluído até o início dos Jogos Olímpicos, o Projeto de Recuperação Ambiental do Sistema Lagunar da Barra e Jacarepaguá caminha para um fim melancólico. Como noticiado no mês passado pelo GLOBO-Barra, o projeto de R$ 673 milhões foi reduzido a 10% do previsto originalmente: devido à falta de verbas, não ocorreria mais a dragagem das lagoas da região, mas apenas o prolongamento do molhe do Quebra-Mar, a dragagem do Canal da Joatinga e o plantio de mudas de mangue nas margens. Mas pode ser que nem isso seja feito.
? Eu estou no pior dos mundos. Estou com o canteiro montado e gente mobilizada. Mas, se não tiver verba, vou suspender o contrato ? afirma o secretário estadual do Ambiente, André Corrêa.
Desde que foi dado início ao projeto, ele já custou R$ 11 milhões, informam dados Portal de Transparência do governo estadual. De acordo com André Corrêa, os recursos foram destinados ao projeto executivo das intervenções na região. Ele lembra que, devido a discordâncias com os ministérios públicos estadual e federal, o documento precisou ser refeito três vezes. Parte do dinheiro financiou também a mobilização de funcionários e a batimetria, operação que mede a profundidade das lagoas. Mas o projeto pode parar por aí, afirma o secretário.
? A dragagem (do Canal da Joatinga) está muito difícil de acontecer, mas ainda não joguei a toalha ? diz Corrêa. ? O fato concreto é que o dinheiro previsto (para fazer o projeto reduzido) foi arrestado.
Segundo Corrêa, a previsão era aplicar cerca de R$ 90 milhões na obra este ano. Com o arresto, porém, os planos da secretaria se reduziram ainda mais. A expectativa atual é ter ao menos R$ 30 milhões do Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano (Fecam). Com este dinheiro, diz Corrêa, seria possível continuar parte do projeto e ganhar tempo para conseguir mais verba.
? Tem muita coisa que eu posso fazer. O projeto executivo do molhe está 80% pronto. Com o dinheiro, eu finalizaria esse projeto do molhe, compraria seis ecobarreiras e daria continuidade ao trabalho do (biólogo Mario) Moscatelli ? explica.
Moscatelli, que já cercou uma área de sete quilômetros das lagoas e tem 30 mil mudas prontas para plantar, organiza para sábado, às 9h30m, uma manifestação no Quebra-Mar. Reivindicará verbas emergenciais para a recuperação das lagoas e uma audiência com o presidente interino Michel Temer.
Em visita à sede do GLOBO, no mês passado, o governador em exercício Francisco Dornelles afirmou que os R$ 30 milhões do Fecam também foram arrestados, mas que tentará ?espremer recursos? para o projeto.
