Cotidiano

Ex-dirigentes da Caixa multados pelo TCU ganharão quarentena

BRASÍLIA – Dois ex-vice-presidentes da Caixa que foram multados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) no ano passado por inflar resultados da estatal tiveram quarentena autorizada pela Comissão de Ética da Presidência nesta terça-feira. A “pedalada” consistia em encerrar contas de clientes e usar o dinheiro para melhorar o balanço financeiro do banco de 2012. Marcos Roberto Vasconcelos e Édilo Ricardo Valadares receberão salário integral por seis meses e não poderão trabalhar, com vistas a evitar conflito de interesses.

Em maio do ano passado, o TCU multou 16 dirigentes e ex-dirigentes da Caixa por operações de 2012. Os valores fixados pelo TCU foram de R$ 8 mil a R$ 20 mil. Segundo relatório do ministro Bruno Dantas, a estatal usou R$ 719 milhões que estavam sem movimentação em 526 mil contas inativas para maquiar os resultados.

Além de Vasconcelos e Valadares, que tiveram aval para receber quarentena, o hoje ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, foi condenado a pagar multa. O ministro que despacha um andar acima do presidente Michel Temer também era vice-presidente da Caixa em 2012.

A Comissão de Ética já deu sinal verde para remuneração compensatória a 16 ex-ministros da ex-presidente Dilma Rousseff e a um ex-ministro de Temer. Nesta terça-feira, o colegiado negou quarentena a Valter Luiz Cardeal, diretor da Eletrobras que foi alvo de condução coercitiva em julho. Cardeal, que estava afastado da empresa, foi conduzido a depor na Operação Pripyat, um desdobramento da Lava-Jato que investigava corrupção na Eletronuclear.

Uma assessora do gabinete pessoal de Dilma, que trabalhou com a petista inclusive durante o período de afastamento no Alvorada, também teve o benefício negado pela Comissão de Ética. A comissão já autorizou quarentena a ex-integrantes do Gabinete Pessoal, como Jorge Rodrigo Araújo Messias, o “Bessias”, e Sandra Márcia Chagas, conhecida como “Google do Planalto”.

Messias foi o servidor designado para levar o termo de posse ao ex-presidente Lula em março e que foi citado pela ex-presidente em conversa telefônica divulgada pelo juiz federal Sérgio Moro. Sandra Chagas tinha o apelido de “Google do Planalto” porque tinha de pronto dados sobre a gestão petista, especialmente na área social.