BRASÍLIA – Na véspera da sessão que vai julgar o futuro do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), chega a 300 o número de deputados que declararam ao GLOBO que vão votar a favor da cassação do mandato do peemedebista. Ao todo, 181 deputados preferiram não se manifestar se votarão sim ou não. Outros 26 podem faltar e apenas quatro estão ao lado de Cunha.
INFOGRÁFICO: Veja a intenção de voto de cada deputado
Até o momento, deputados de apenas três bancadas anunciam votar na sua totalidade contra Cunha: PCdoB (11 deputados), PSOL (6 deputados) e Rede (4 deputados). Dos 58 deputados do PT, 55 informaram que vão se posicionar pela cassação. No PMDB, dos 66, apenas 20 disseram até agora que estão contra o ex-presidente da Casa. No PP, partido com maior número de deputados envolvidos na Lava-Jato, prevalece, até o momento, o silêncio: dos 47 deputados somente 14 anunciaram serem favoráveis à cassação do peemedebista. Cunha 1109
A sessão no plenário da Câmara que vai julgar a cassação de Cunha está marcada para as 19h desta segunda-feira. O parlamentar e seu advogado de defesa terão direito a até 25 minutos de fala cada. São necessários 257 votos para que seja aprovado o parecer do Conselho de Ética que pede a cassação do mandato do peemedebista.
Cunha continua tentando convencer os deputados que não merece ser cassado. Além de cartas, reforça o pedido por meio de mensagens e, para alguns, chega a telefonar. Nas mensagens, contam deputados, o tom não é de intimidação, mas apelativo. Pede que considerem os argumentos da defesa com isenção, diz que não mentiu à CPI, e apela para evitar que uma “injustiça” seja cometida contra ele, acabando com sua carreira política e destruindo sua família.
ALIADOS DEVEM TENTAR MANOBRAS
Investigado por suposta quebra de decoro parlamentar, Cunha é acusado de manter contas secretas no exterior e de mentir sobre a existência delas em depoimento à CPI da Petrobras, no ano passado. Ele nega ser dono de contas bancárias fora do país e argumenta ter apenas o usufruto de bens geridos por trustes (empresas jurídicas que administram fundos e bens).
Na segunda-feira, quando for iniciada a ordem do dia, os aliados de Cunha deverão aproveitar as lacunas regimentais e colocar de imediato para a Mesa Diretora as questões de ordem. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, sinalizou que deverá optar pelo indeferimento dos pedidos e submeter as decisões ao plenário.
Diante de um eventual indeferimento das questões de ordem, Maia disse que os aliados de Cunha deverão recorrer da decisão e pedir a suspensão da sessão. Na formulação da questão, eles devem pedir o efeito suspensivo até que a CCJ se posicione sobre o indeferimento. Entretanto, para que tal efeito venha a ser aprovado, é preciso que um terço dos deputados concorde com a suspensão da sessão até que a comissão analise o recurso.