SANTO DOMINGO ? Na Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, pediu que um referendo justo e oportuno seja realizado na Venezuela. A oposição venezuelana vem trabalhando em favor de uma consulta popular que pode encurtar o mandato do presidente Nicolás Maduro ? um processo que gera uma guerra política com o governo do país em crise.
? Os venezuelanos têm o direito de utilizar os mecanismos constitucionais para manifestar sua vontade de maneira democrática ? disse Kerry ao defender a realização de um referendo revogatório.
A coalizão opositora venezuelana vem convocando uma nova mobilização em Caracas para pressionar o órgão eleitoral a agilizar o processo do referendo. A Venezuela vive uma profunda crise econômica e política, e autoridades insistem que os prazos legais impedem que a consulta popular aconteça ainda neste ano.
Se a consulta acontecer depois de 10 de janeiro de 2017, quando o mandato presidencial completa quatro anos, e Maduro for derrotado, os dois anos restantes serão completados pelo vice-presidente, designado pelo chefe de Estado. Se o referendo acontecer este ano e o chavismo for derrotado, novas eleições serão convocadas.
Em seu discurso desta terça-feira, Kerry ainda fez um apelo pela libertação de presos políticos na Venezuela, pelo respeito à liberdade de expressão e pelo alívio da grave escassez de alimentos e remédios no país. Além disso, o secretário disse que a invocação da Carta Democrática Interamericano pelo chefe da OEA, Luis Almagro, abrirá a discussão política, econômica, social e humanitária necessária à crise venezuelana.
?ASSUNTOS VENEZUELANOS?
Após a intervenção de Kerry, a chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, respondeu aos comentários do representante da Casa Branca, embora não tenha se referido diretamente ao secretário de Estado. A chanceler venezuelana disse que na Venezuela não há presos de consciência.
? Os assuntos internos da Venezuela resolvem os venezuelanos ? disse Delcy, acusando Almagro de manter uma posição intervencionista sobre os assuntos internos do seu país.
À margem da Assembleia, Kerry e Delcy se reuniram nesta terça-feira a portas fechadas. A reunião acontece a poucos dias de uma sessão extraordinária do Conselho Permanente da OEA ? que, no dia 23 de junho, debaterá a crise política e institucional na Venezuela.
O governo venezuelano tenta assegurar pelo menos 18 votos a seu favor para esta sessão. Com isso, bloquearia a aplicação das medidas previstas pela Carta Democrática da organização, afirmam fontes diplomáticas.
O chanceler venezuelano também disse que “na Venezuela não há presos de consciência”.