Cotidiano

Ciclo de leituras revisita 40 anos da dramaturgia de Hamilton Vaz Pereira

INFOCHPDPICT000058914536RIO ? Lá se vão mais de 40 anos e ?uns 20 textos? escritos desde que, junto ao grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone, Hamilton Vaz Pereira pintou na cena teatral, levando para o palco umas transas diferentes, com jovens assaltando o armário de bebidas dos pais para tomar Vat 69, curtindo um som na vitrola e ficando doidões de Mandrix em meio a um passeio pelas esquinas do Rio.

Ícone cultural da época em que o regime militar começava a afrouxar a pressão sobre os artistas, ?Trate-me leão?, que estreou em 1977, será a primeira peça apresentada no ciclo de leituras ?O cão comendo mariola ? Para ler e para ouvir?, que revisita a obra de Vaz Pereira na sala III da Cidade das Artes. A partir do dia 4, a cada sábado do mês de junho, o diretor e dramaturgo comanda a leitura de uma peça diferente, uma para cada década de sua carreira, sempre às 20h.

O projeto nasceu quando ele começou a revisitar sua obra com o objetivo de organizar o acervo para publicação. O único texto disponível em livro é justamente o clássico que abre o ciclo.

As leituras seguem com ?Ataliba, a gata safira?, escrita nos anos 1980 em parceria com Fausto Fawcett (dia 11); ?Nardja Zulpério?, que será lida pela própria Regina Casé, intérprete do monólogo durante a década de 1990 (dia 18); e ?A Leve, o próximo nome da Terra?, uma utopia futurística em que o planeta é rebatizado como Leve, em consonância com um novo espírito humano (dia 25).

? Eu fico em casa, mexendo o meu caldeirão, anotando coisas, observando, e vou tecendo personagens, trajetórias, monólogos, diálogos, que eu não sei exatamente para que servem. Em um determinado momento, vou juntando lé com cré e, quando vejo, tenho um espetáculo. É então que começo a procurar colegas, dinheiro, teatro ? diz Vaz Pereira, procurando explicar seu processo de criação.

Luana Martau, do humorístico ?Tá no ar?, faz parte do elenco jovem que participa da primeira leitura. A atriz, que afirma ter o trabalho do Asdrúbal Trouxe o Trombone como referência, acredita que o público atual não vai ter dificuldade em se identificar com as questões colocadas por ?Trate-me leão”.

? As gírias transportam para uma outra época, mas os anseios dos jovens, ou a sensação de estar perdido no mundo político permanecem. É bacana ver como continuamos buscando uma forma de mudar o mundo.

SERVIÇO

?O cão comendo mariola ? para ler e para ouvir?

Onde: Cidade das Artes ? sala III. Av. das Américas, 5.300 (4003-1212).

Quando: De 4 a 25/6, aos sábados, às 20h.

Quanto: R$ 20.

Classificação: Livre.