RIO ? Convidada para se apresentar na posse de Donald Trump, no próximo dia 20 de janeiro, Rebecca Ferguson apresentou suas condições. A cantora britânica, revelada pelo “X Factor” em 2010, disse que só sobe ao palco se puder cantar “Strange fruit”, hino da luta negra, popularizado por Billie Holiday.
A música, regravada por Nina Simone em 1965, descreve graficamente o linchamento e assassinato dos negros no Sul dos Estados Unidos em versos como “Southern trees bear strange fruit / Blood on the leaves and blood at the root / Black bodies swinging in the southern breeze / Strange fruit hanging from the poplar trees” (ou “Árvores do sul produzem uma fruta estranha / Sangue nas folhas e sangue nas raízes / Corpos negros balançando na brisa do sul / Fruta estranha pendurada nos álamos”).
Os versos fazem referência a linchamentos como os de Thomas Shipp e Abram Smith, no estado de Indiana, em agosto de 1930. Os dois, negros, foram fotografados pendurados pelo pescoço em uma árvore, enforcados após serem espancados por uma multidão, que acreditava que eles tinham cometido um assalto e um estupro (o que depois foi desmentido pela vítima). Em volta deles, homens e mulheres brancos observam a cena calmamente.
“Fui convidada e essa é a minha resposta. Se vocês me permitirem cantar ‘Strange fruit’, uma canção que tem uma importância histórica enorme, uma música que foi boicotada nos EUA por ser muito controversa. Uma canção que fala para todos os negros negligenciados e abatidos nos EUA. Uma canção que é um lembrete de como o amor é a única coisa que vai combater todo o ódio neste mundo. Então eu vou graciosamente aceitar o seu convite e vê-lo em Washington”, disse ela, no Twitter.
Trump vem enfrentando dificuldades para convencer grandes nomes da música a participarem de sua cerimônia de posse. Nomes como Elton John, Gene Simmons e Garth Brooks recusaram o convite.