RIO – Nem o dia de semana nem o horário previsto – às 2h da manhã – impediram a dupla baiana Simone e Simaria – conhecidas como “as coleguinhas” – de fazer um show quase lotado na madrugada de sexta, no Rio. Sucesso entre os fãs de sertanejo, as irmãs do interior da Bahia são duas das principais representantes do “feminejo”, o sertanejo feminino em evidência no cenário nacional.
As irmãs de Uibuí, pequeno município da Bahia, entraram no palco com pouco mais de 20 minutos de atraso e abriram o show com alguns de seus maiores sucessos, uma sequência de “Regime fechado”, “126 cabides”, “Duvido você nao tomar uma” e “Meu violão e o nosso cachorro”.
Se a divisão de vozes muitas vezes acaba colocando em destaque um dos componentes de duplas sertanejas, Simone e Simaria se revezam e são igualmente protagonistas no show. Durante a apresentação, cantam duas musicas sozinhas cada enquanto a outra sai para os bastidores.
Ex-backing vocals de Frank Aguiar e com origem musical no forró ? elas eram vocalistas do grupo Forró do Muído -, Simone e Simaria misturam o ritmo de origem com sertanejo e até mesmo batidas de funk. O mais recente single, “Loka”, que tem a participação de Anitta, já é considerado um dos hits do verão e sucesso para o carnaval. No Spotify, aplicativo de streaming, a parceria está entre as cinco músicas mais tocadas no Brasil e alcança quase 100 milhões de visualizações no YouTube.
– Eu recebi vários vídeos das pessoas cantando ?Loka?. Teve um jogador do Flamengo que mandou mensagem para o meu dentista [dizendo] que queria fazer o dente porque era fã nosso. Então eu fico muito feliz com essa coisa ? comenta Simaria, a mais velha da dupla.
Quando se reúnem para cantar “Quando o mel é bom”, outro hit, Simaria usa de toda a irreverência que tem para brincar com o público, que acompanhava os versos a plenos pulmões:
– É de arrepiar até os cabelos do… Braço – brincou.
As desventuras amorosas são, obviamente, os principais temas das canções. Antes de cantarem ?Não vou mais atrás de você?, Simaria conta do dia em que a irmã chegou em casa chorando porque havia sido traída.
– Chifre não mata, ele ensina a pessoa a viver. Eu disse para ela: “Olha para essa cara linda, para esse corpinho maravilhoso e diga para você ?só sofre por amor quem não tem dinheiro para beber? ? conta Simaria. E Simone completa: ?Daí eu fui pro bar e bebi seis doses de cachaça. Ele ligou para mim pedindo para voltar e sabe por quê? Porque eu sou a gordinha mais gostosa do Brasil.”
‘FEMINEJO’ COM UMA PITADA DE FORRÓ
As “coleguinhas” se juntam a outras representantes do gênero, como Maiara e Maraisa e Marilía Mendonça, e têm se firmado como as vozes femininas do sertanejo, mas sem deixar de lado as influências do forró. As batidas do ritmo nordestino são claramente percebidas na apresentação das duas. O bordão “chora não, coleguinha”, aliás, é muito utilizado ao longo do show. Já ficou tão famoso que até Lady Gaga usou em uma publicação direcionada a brasileiros no Facebook para divulgar a apresentação que faria no Superbowl:
– Quando nós recebemos a notícia de que ela tinha mencionado nós duas no Facebook dela, eu falei: ?Nossa, o que é que está acontecendo pelo amor de Jesus? Filha, nós estamos conhecidas até fora do país, amor ? se diverte Simone, com o bom humor habitual das duas irmãs.
– Um dia, quem sabe, vou aprender umas três ou quatro palavrinhas em inglês para dizer a ela, dar um acoche nela e agradecer ? completa.
Ao fim da apresentação, em um Barra Music já um pouco menos cheio dado ao caminhar da hora, elas repetem “126 cabides”, “Loka” e “Quando o mel é bom”. E a plateia canta como se fosse a primeira vez.