NITERÓI ? Cerca de 27 mil trabalhadores foram demitidos com a crise que atingiu a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí. As obras estão suspensas desde o ano passado, e o prazo de conclusão, antes previsto para 2017, passou para 2023. Os dados foram apresentados, na última terça-feira, em uma audiência pública realizada na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) pelo grupo SOS Emprego, que reivindica a retomada das obras e o pagamento de indenização aos trabalhadores que perderam o emprego. A Petrobras já gastou US$ 14 bilhões até o momento com as intervenções, também de acordo com o grupo.
? Queremos trabalhar. Precisamos valorizar a mão de obra do Rio de Janeiro, então estamos propondo também que 70% dos postos de trabalho sejam (imediatamente após a retomada das obras) destinados aos moradores fluminenses ? reivindicou Alexandre Lopes, representante do movimento.
A redução do número de horas de trabalho, mas sem perdas salariais, também consta na pauta de reivindicações do grupo entregue à Comissão de Trabalho da Alerj. Dessa forma, o grupo acredita na possibilidade de criação de novas vagas.
Crise nos estaleiros de NiteróiPelo projeto inicial, o Comperj abrigaria uma refinaria e um polo petroquímico. Com a crise na Petrobras e a redução de projetos, porém, a estrutura deve ser redimensionada.
? O Comperj vai sair, mas vai ser redimensionado. Será uma refinaria e, talvez, terá mais um ou outro processo de produção da Petrobras. A expectativa inicial deixou um legado de desemprego, de agravamento de uma crise social. Estamos buscando agora uma resposta para esse problema. Vamos fazer uma reunião com os trabalhadores para elaborar uma plataforma de empregos verdes. O Rio, nos últimos anos, aprofundou a sua dependência do petróleo. Além de saídas, temos que buscar atitudes mais equilibradas ambientalmente, investindo, por exemplo, em indústrias de embarcações, produções de trens, VLTs ? afirmou o deputado estadual Flávio Serafini (PSOL), idealizador da audiência pública.
O encontro foi presidido pelo deputado estadual Paulo Ramos (PSOL), da Comissão de Trabalho da Alerj.
A Petrobras informou, em nota, que ?prevê prosseguir com as obras necessárias à operação da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) com objetivo de processamento e escoamento para o mercado do gás do pré-sal? e que ?está em busca de alternativas para concluir as obras do conjunto de unidades de refino do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj)?. A estatal, porém, não informou os valores atualizados já aplicados nas obras, assim como não forneceu o número de trabalhadores que foram dispensados com a paralisação do empreendimento.
Convidada, a Petrobras não enviou representante para a audiência pública.