Cascavel – As normativas que determinam maior rigor na qualidade do leite entraram em vigor ainda em maio, mas desde 1º de novembro o produto que não atingir os índices pode ser descartado. “Quem fiscaliza a qualidade do leite é o laticínio. E a ordem é não recolher um produto que não esteja dentro dos padrões. Cada empresa precisa garantir que o produto que ela coloca no mercado é de boa qualidade, por isso, pelo que pudemos observar nas auditorias, os laticínios estão investindo em equipes e treinamento para ir até a propriedade verificar como é feito todo o processo e fazer uma triagem dos produtores”, explica a coordenadora de Fiscalização da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), Ana Luiza Borges Castro.
Dois laticínios da região oeste, consultados pela reportagem, confirmaram o investimento e o maior rigor na fiscalização. Em uma delas, uma equipe especial foi montada para que faça visitas e vistorias periódicas nas propriedades.
Ana Luiza lembra que o leite é o produto mais consumido no mundo e o maior rigor na qualidade da matéria-prima, indo desde a organização da propriedade à saúde e à imunização dos animais, é para que a população tenha acesso a produtos com garantia de qualidade. Por isso, produtores que não cumprem as determinações devem ser excluídos pelos laticínios. “As regras são claras e devem ser cumpridas. Após três situações em que a média de qualidade do produtor for baixa, ele será descredenciado”.
Punição aos laticínios
Cabe aos laticínios garantir a qualidade da matéria-prima, sob risco de punição. “Caso seja encontrada alguma situação irregular quanto à qualidade dos produtos, a empresa será notificada e terá que revisar todos os seus programas de controle. Se há contaminação, é porque em algum momento o controle não foi adequado. Persistindo a situação, o laticínio poderá ser autuado, ter produtos apreendidos para análise e ainda ter a produção suspensa”, alerta a coordenadora.
Descarte de leite
Ainda existem situações a serem trabalhadas pelas autoridades sanitárias. Não há normativa que oriente sobre o descarte correto do leite, por exemplo. “Não há uma norma. Cabe a cada produtor encontrar um destino. Quando o leite não é armazenado na temperatura ideal e por isso não é coletado, não havendo contaminação por antibiótico, por exemplo, o produto pode ser utilizado na alimentação de suínos. Mas cabe aos produtores encontrar um fim, fato é que o descarte traz sim poluição ao solo”, complementa.
Outra questão é a falta de unificação dos sistemas de controle federal, estadual e municipal. Com isso, um produtor descredenciado de um dos sistemas não conta como irregular e pode ser inserido em outro e continuar fornecendo. Medidas são estudadas para que as informações sejam compartilhadas.