A suspensão do astro Lionel Messi e a derrota para a Bolívia por 2 a 0 ligaram o sinal de alerta na Argentina, que está na zona de repescagem nas eliminatórias para a Copa do Mundo da Rússia, a quatro rodadas do fim. Como se não bastassem os problemas, o treinador Edgardo Bauza está na corda bamba. A Associação de Futebol Argentina (AFA) decide nesta quarta-feira sobre a nova cúpula que vai comandar o esporte no país e os mandatários podem mudar o técnico.
Foi uma terça-feira tenebrosa. O primeiro golpe veio de Zurique. Sem avaliar a súmula dos árbitros, a Fifa descarregou uma punição de quatro jogos de suspensão a Messi. O jogador insultou o bandeirinha brasileiro Emerson de Carvalho depois da vitória de 1 a 0 sobre o Chile, em Buenos Aires. A TV mostrou sua conduta.
A Federação Argentina de Futebol (AFA) anunciou que vai apelar da decisão da Fifa. “Os outros jogos deverão ser realizados nas próximas partidas da Argentina nas eliminatórias”, acrescentou o comunicado da entidade.O craque começou a cumprir a pena na partida contra a Bolívia, em que a Argentina perdeu por 2 a 0.
– Existem antecedentes que fazem crer que se pode baixar a sanção – garantiu Jorge Miasdoqui, secretário de seleções nacionais da AFA.
Diego Maradona prometeu interferir a favor de Messi na Fifa, que raramente volta atrás em suas decisões. Mas reconheceu o erro do camisa 10. Seleção argentina
– Dá para ver que o insulta, sim. Todos vimos. Aconteceu com Ibrahimovic no Manchester United, que depois das imagens da cotovelada foi suspenso por três jogos – comentou.
A punição causou revolta entre os argentinos.
– Quatro jogos é um disparate. Existem agressões que são mal intencionadas e às vezes pegam só dois jogos. Isso foi verbal, é muito exagerada a punição – avaliou o ex-treinador da seleção argentina César Menotti.
O lendário ex-goleiro paraguaio José Luis Chilavert falou que a suspensão é “uma vingança da Fifa ao futebol argentino e Messi paga as consequências”.
Os atritos e discussões com a AFA vêm desde o início da grave crise institucional e financeira que a Federação atravessa. A Fifa interveio, mas os remédios temporários foram piores que a doença. Agora, pela primeira vez em três anos após a morte do ex-presidente da AFA Julio Grondona, a direção vai ser decidida por votos.
A suspensão deixou a seleção argentina sem o goleador para o duelo chave contra o Uruguai, no Estádio Centenário de Montevidéu, em 31 de agosto. O camisa 10 também vai desfalcar contra Venezuela e Peru, ambos em casa, e vai poder voltar na última rodada contra o Equador, na altitude de Quito.
– Estamos vivos e com a ideia de classificar para o Mundial – garantiu Bauza. Mas a Argentina está em quinto, na zona da repescagem, com 22 pontos, atrás Uruguai e Chile, ambos com 23.
Mas a Argentina pôs a corda no pescoço por conta própria. A equipe não tem estilo de jogo nem personalidade vencedora. Além disso, os grandes jogadores que brilham na Europa não acrescentam o talento que se espera deles. Sem Messi, o time venceu apenas um jogo, empatou quatro e perdeu três. Com o camisa 10, a Argentina venceu cinco e perdeu um. Com Messi no vestiário, a seleção não aguentou a altitude de 3.600 metros de La Paz.
– Substituir Messi é impossível – pontuou Menotti. – O ajuste poderia vir pelo lado do treinador e de alguns jogadores.
– Para mim, nada me abala. Estamos fortes para seguir. Estamos firmes com os jogadores – afirmou Bauza.
APOIO DO BARCELONA
O Barcelona se posicionou sobre a punição da Fifa para o astro argentino Lionel Messi, nesta quarta-feira, e avaliou a suspensão de quatro jogos como “injusta e desproporcional”.
“O clube considera injusta e totalmente desproporcional a punição de quatro jogos imposta ao jogador argentino”, afirmou o clube em comunicado. Os catalães espessaram “surpresa e indignação pela atuação de escritório da Comissão Disciplinar da Fifa para punir” Messi.
“O Barcelona deseja reiterar o apoio a Messi, atleta exemplar dentro e fora de campo”, concluiu o breve comunicado emitido pelo clube.
