Curitiba – O retorno às aulas presenciais na rede pública estadual, a partir de 10 de maio, ocorrerá inicialmente em cerca 200 escolas, de diferentes regiões do Paraná, o que representa 10% das unidades pertencentes à Secretaria de Estado da Educação e do Esporte. O anúncio foi feito pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior nessa terça-feira (4), em entrevista à imprensa.
As atividades dentro das escolas estão suspensas desde março do ano passado. A retomada vai ocorrer paralelamente ao início da vacinação dos profissionais da Educação (veja mais na página 2).
“A volta dos conteúdos presenciais é fruto do desejo do Estado, de muitos professores, diretores e também de pais de alunos. Estamos em sintonia com os municípios. Inclusive muitos deles já retomaram as aulas dentro da rede municipal. Além disso, pesquisas mostram que o ambiente escolar não é de alto risco para a propagação da covid-19”, afirmou Ratinho Junior.
O secretário de Estado da Educação, Renato Feder, explicou que há três critérios para a definição de quais colégios terão prioridade para a volta das atividades presenciais. O primeiro, disse ele, é o acompanhamento das cidades onde houve retorno das redes municipais de ensino e do transporte escolar. “Isso facilita a logística, pois temos de pensar em todos os detalhes, como as merendas por exemplo”, ressaltou.
Além disso, serão priorizadas as instituições de ensino onde há alunos em situação de vulnerabilidade e sem acesso a equipamentos digitais para realizar as atividades remotas – o governo do Estado disponibiliza gratuitamente a rede de transmissão de dados. Outro critério é a análise de escolas com maior número de professores fora do grupo de risco. As secretarias da Educação e do Esporte e da Saúde fizeram o mapeamento dos locais.
“Os pais ou responsáveis é que vão autorizar o retorno dos alunos às aulas presenciais, com rodízio semanal entre os estudantes. Também vamos respeitar todos os protocolos de saúde elaborados pela Secretaria da Saúde”, comentou Feder.
Apesar de dizer que os professores e os pais já estavam cientes da volta das aulas presenciais, a Secretaria de Educação informou que ainda não tem a lista das escolas que retornam na próxima segunda-feira.
Modelo híbrido
Nas escolas que reabrirão para atividades presenciais será adotado o modelo híbrido de ensino, ou seja, parte dos alunos assistirá às aulas presencialmente, em sala de aula, enquanto a outra parte acompanhará remotamente – os conteúdos serão transmitidos ao vivo. Para isso, as salas de aula estão equipadas com computadores e internet, possibilitando que os professores interajam com todos os estudantes.
“Por isso, nesse momento, aqueles estudantes que não têm acesso aos mecanismos digitais serão priorizados para o retorno presencial”, explicou o secretário.
Protocolos
As instituições de ensino seguirão um rígido protocolo de segurança. Será garantido o distanciamento de 1,5 metro entre os estudantes e disponibilizado álcool em gel. O uso de máscara de proteção é obrigatório, bem como a aferição de temperatura. As regras valem também para o transporte escolar.
“Isso é importante porque não há mais um limite porcentual de pessoas, mas sim uma adaptação ao tamanho do ambiente. Em espaços maiores serão permitidos mais alunos, em escolas menores, menos alunos. Seguindo sempre a regra de 1,5 metro de distanciamento”, ressaltou o secretário Beto Preto.
Professores propõem lockdown de 21 dias e aceleração de vacinação antes de volta às aulas
Os 100 mil professores e funcionários de escolas das 2,1 mil escolas do Paraná divulgaram ontem uma proposta de “lockdown definitivo” por ao menos 21 dias e vacinação acelerada antes de retornar às aulas presenciais no Paraná. “Não há protocolo seguro para retorno das aulas presenciais neste momento”, afirmou o pesquisador Lucas Ferrante, pesquisador do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – ligado à Fiocruz).
Com base no parecer desse cientista, a APP-Sindicato não é favorável ao retorno presencial das aulas neste momento. A entidade convocou uma coletiva para a manhã desta quarta-feira para anunciar a íntegra do estudo e criticar, mais uma vez, a volta das aulas presenciais.
Lucas Ferrante afirma que, caso o governo insista na retomada agora, as consequências serão o aumento do número de casos e de mortes em um curto espaço de tempo.
O Inpa previu, através de cálculos estatísticos com dados da pandemia, o caos em Manaus e também orientou a Prefeitura de Curitiba no auge do colapso em março.
A APP-Sindicato solicitou ao Inpa uma matriz de dados sobre a pandemia em dez regiões do Paraná e apresentará o resultado dessa pesquisa nesta quarta (5), às 10h, em uma coletiva de imprensa com a participação de Lucas Ferrante.
Greve
A APP-Sindicato repetiu ontem que não é favorável ao retorno presencial das aulas neste momento e que, se o governo insistir na proposta, a categoria pode entrar em greve.
O sindicato alega que não há condições estruturais nas escolas para qualquer retorno e que faltam profissionais para o devido acompanhamento dos estudantes por causa da demissão de 8 mil funcionários.
A APP lembra que o governo havia anunciado que as aulas só seriam retomadas quando os professores fossem vacinados contra a covid-19.