Foz do Iguaçu – O Hospital Ministro Costa Cavalcanti, mantido pela Usina de Itaipu, em Foz do Iguaçu, realizou a primeira transfusão de plasma hiperimune para tratamento de paciente com covid-19. O procedimento foi feito na última quarta-feira (26). O nome do receptor é mantido em sigilo e a evolução é acompanhada de perto por uma equipe de especialistas.
O tratamento, um dos mais avançados do mundo, utiliza o plasma hiperimune ou convalescente para “ajudar” o sistema imunológico de quem está doente, internado e em estado grave. Caso preencha rigorosamente todos os critérios clínicos, o doente pode receber o plasma com anticorpos extraído do doador. A administração é feita por meio de infusão sanguínea.
O plasma é a parte líquida do sangue e, nesse caso, é coletada dos pacientes que se recuperaram da infecção causada pelo novo coronavírus e não apresentaram sintomas após 45 dias. A partir disso, eles podem doar o material biológico.
Isso porque o sistema imunológico da pessoa contaminada pelo vírus produz proteínas na corrente sanguínea para combater a doença – os chamados anticorpos. Sendo assim, após a recuperação do paciente infectado, os componentes sanguíneos com esses anticorpos podem ser coletados e utilizados em outras pessoas para auxiliar no tratamento da covid-19.
“Os estudos apontam que o uso dessa técnica diminui a replicação do vírus no paciente e seu sistema imunológico consegue responder melhor a agressão do vírus”, afirmou Alessandra Giordani Ritt, médica hematologista e responsável técnica do Hemonúcleo de Foz.
Doação de plasma
Ainda que seja bem-vinda, a doação de plasma de pessoas recuperadas da covid-19 só ocorre após o contato do hospital com doadores em potencial. A médica Alessandra Ritt reforça a importância de os curados da covid-19 não irem espontaneamente até o Hemonúcleo.
De forma sigilosa e ética, os técnicos responsáveis recebem a informação de quais são os pacientes recuperados da doença elegíveis para a doação de sangue. A partir desse levantamento é que a equipe entra em contato com os possíveis doadores. “Somente após realizar detalhadamente a pré-triagem, havendo o cumprimento de todos os critérios, agendamos a doação de sangue”, explica.
Projeto-piloto
A Fundação de Saúde Itaiguapy, administradora do HMCC e responsável pelo Hemonúcleo de Foz do Iguaçu, faz parte de uma iniciativa do Hemepar (Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná). O projeto-piloto para utilizar anticorpos do plasma do sangue de curados do novo coronavírus começou em 21 de julho. “Esse é um tipo de terapia já conhecido e utilizado para tratamento de outras patologias, como o H1N1”, explicou Alessandra.
Segundo a especialista, trata-se de um tratamento promissor no combate à doença, mas “nem todo paciente com a covid-19 pode receber plasma hiperimune”.
Nesse caso, o receptor precisa estar internado em alguma instituição hospitalar, apresentar estado grave, assinar um termo de consentimento ciente dos riscos e benefícios da terapia, além de atender todos os critérios definidos pelo Hemepar.