O jornal O Paraná traz hoje entrevista com o ex-vereador Paulo Porto, dando continuidade a série de entrevistas com os cinco nomes que mais se destacaram na primeira pesquisa sobre o cenário político de Cascavel para 2024, divulgada na semana passada pelo O Paraná em parceria com o Instituto SDS Pesquisas. A sequência das entrevistas obedece a disponibilidade de agenda dos possíveis candidatos.
Porto que já disputou o cargo de prefeito de Cascavel em 2020, apareceu entre os mais lembrados pelos eleitores, especialmente, entre os nomes de esquerda.
Segundo Paulo Porto, a escolha do nome que irá disputar a eleição para a sucessão de Leonaldo Paranhos frente à Prefeitura de Cascavel deverá acontecer em conjunto entre os partidos que compõe a Federação Brasil da Esperança (PT, PV e PCdoB). “O que eu posso afirmar como membro do partido, como alguém foi candidato é que o PT terá candidato, agora, será o meu nome ou não, tem que se debatido internamente. Hoje o PT pertence a uma federação junto com o PV e PCdoB e esses partidos irmãos coligados têm que ser ouvidos nesse debate para ver quem que nós apresentaremos.”
Porto ainda argumenta que o partido ter vencido as eleições nacionais de 2022 coloca a sigla em patamar de disputa pela Prefeitura. “Nós vencemos as eleições nacionais e isso nos impõe o dever de ter candidato, ser proposta esse projeto de alternativa a Cascavel, que não pode seguir refém dos chamados coronéis, seguir refém da chamada elite política, da elite econômica. Cascavel tem que governar para os mais vulneráveis. Cascavel tem que ser uma cidade boa para todos e não para alguns, como infelizmente vem sendo nesses anos todos.”
De acordo com Paulo Porto, o deputado estadual Professor Lemos é um dos nomes fortes do partido para a disputa, até por conta dele já ter disputado outras eleições. “Esse nome vai ser debatido. O Lemos é um excelente nome. O Lemos foi, inclusive, quem teve o melhor retrospecto se for analisar as últimas eleições. Por muito pouco o PT não governou esse município na eleição de 2012, que é a eleição que o Lemos disputou e onde eu me sagrei, inclusive, vereador. O Lemos é um dos nomes possíveis, como tantos outros. O Lemos foi alguém que fez 120 mil votos, ou seja, é um nome que não podemos nunca descartar de qualquer disputa ao executivo.”
Entretanto, o ex-vereador admite ser natural também ter o nome figurado entre os possíveis candidatos do partido, já que foi o último a disputar a Prefeitura pela sigla. “Agora, claro, meu nome é um nome a disposição, assim com tantos outros companheiros que têm condições de disputar. Ainda que meu nome surja com certa naturalidade, que é uma coisa comum, ou seja, uma coisa esperada, porque eu fui o último candidato, não quer dizer que eu serei o próximo, o próximo candidato.”
O cenário político nacional totalmente polarizado poderá frustrar os planos de alguns partidos em diversas cidades, em especial, as da região Oeste do Paraná. Contudo, Paulo Porto acredita que até a realização das eleições municipais de 2024 essa situação possa ser alterada.
“A política é sempre um filme, nunca é um retrato. A pesquisa é um retrato. Agora a política processo, ela se desenvolve rapidamente, modifica. Então é um filme que está se iniciando. O retrato desse momento é o retrato polarização. Agora daqui um ano e meio, o governo Lula avançando, as políticas públicas avançando, o brasileiro voltando a poder sonhar, claro que a situação vai se modificar daqui um ano. Então o atual retrato é de polarização e de muita dificuldade, ainda que nós tenhamos 30% (votos Lula em Cascavel no 2° turno das eleições de 2022).”
Porto ainda se disse otimista e avalia que o partido tem reais condições de vencer a disputa.
“Eu não tenho dúvidas que o PT terá candidato, que a federação terá candidata a partir de um debate mais democrático e que vamos disputar com condições de vencer. […] Então eu vejo com muito otimismo, até porque, como eu disse anteriormente, essa eleição está aberta.”
Segundo Paulo Porto, a disputa eleitoral sem um candidato a reeleição trará uma condição de “oportunidades iguais” aos concorrentes em 2024. E segundo ele, o fenômeno de reeleição foi justamente o que teria influenciado as eleições municipais de 2020.
“Sem dúvida é outra eleição. Esse fenômeno da reeleição criado na década de 90, que foi um foi um casuísmo criado pelo PSDB, para evitar eleição do Lula e bancar a reeleição do FHC; é uma deslealdade política absurda. Você vai para reeleição com a máquina pública ao seu favor, você utiliza a máquina pública a seu favor; tem uma narrativa hegemônica muito mais contundente. Então há muito pouca igualdade na disputa e claro que isso influenciou as eleições passadas ao qual participei. Essa eleição agora de 2024 é uma eleição que não tem reeleição. Então é uma eleição com mais oportunidades para os concorrentes na perspectiva de ter uma lógica mais igualitária, menos desleal politicamente falando.”
Além de o PT lançar candidatura própria e com condições de vencer as eleições municipais de 2024, Paulo Porto conta que o objetivo do partido também seria aumentar o número da bancada de vereadores, que hoje contra com um único vereador, Laércio de Oliveira, já que a titular do mandato, a vereadora Professora Liliam está afastada das atividades no legislativo.
“Não há dúvida que o PT irá ampliar a sua bancada legislativa. Hoje nós temos a Professora Liliam fazendo um trabalho brilhante na Câmara Municipal e temos a certeza que teremos outros vereadores ou vereadoras eleitas ao final de 2024. […] Já estamos montando uma chapa muito consolidada, com lideranças políticas, muita base social, com vários segmentos representados. Iremos apresentar em 2024 uma chapa muito representativa da sociedade cascavelense da perspectiva do campo progressista. Então não tenho nenhuma dúvida, se tem uma certeza que nós temos que nós iremos ampliar nossa bancada.”
Nomeado como Coordenador de Projetos na Itaipu Binacional, Porto explica que as atividades a serem desenvolvidas na empresa serão em duas frentes, uma delas, direcionada ao aos prefeitos e municípios.
“A partir do dia 3 de abril eu inicio a minha participação nessa nova gestão da Itaipu Binacional, a convite do presidente Enio Verri em uma dupla função. A primeira função, o primeiro papel é fazer a mediação junto aos povos indígenas Guarani a Binacional. A segunda função tão importante quanto, é estar debatendo junto aos prefeitos do Oeste do Paraná, junto aos municípios lindeiros e também parte do Paraná, políticas públicas na área ambiental, na área da vulnerabilidade alimentar, na área da vulnerabilidade social para que a Itaipu não seja produtora só de energia, mas produtora de justiça social.”
Segundo Paulo Porto, participar do projeto de Itaipu não deverá o afastar de Cascavel.
“Não creio que me afaste de Cascavel, porque ao mesmo tempo em que eu estarei na Itaipu Binacional, claro que Cascavel se insere. Cascavel é um polo regional e não pode ficar de fora desse debate. Então claro que Cascavel é uma protagonista, é uma cidade muito importante para Itaipu.[…] Então por isso, ao mesmo tempo em que eu estarei lá, também, obviamente, estaria aqui.”